Atenta para o que levas no “Bolso”: “Monstro” ao invés de “Mito”



Demoro, além do normal, para começar esse texto, com tantas indagações sem respostas... De tão atônita, mal consigo encontrar palavras para descrever meu escárnio e minha ânsia de vômitos diante de tamanhas atrocidades do novo século.

Petrificada, diante do recente caso de estupro coletivo (da menor de 16 anos por mais de 30 homens), principalmente por conta da reação escrota de certa gentalha nas redes sociais... Uma delas, essa coisa indizível de apelido Lobão que ousou dizer que “o país é uma fábrica de mini-putas” (ele devia então incluir, nessa lista, a mãe da filha dele, que era sua prima, e que ele se envolveu, quando ela tinha apenas 17 anos, ele já um homem formado de uns 30 anos), gentalha que tem coragem de culpar a vítima de estupro apenas por não ser “recatada e do lar” (a tal prima do Lobão, por exemplo, posou nua, na capa do disco dele, “O rock errou”, nos anos 80) e, apenas por isso, “merecedora de ser estuprada”, dentro da “lógica machista do estupro”...



E, perplexa, diante de uma foto de jovens formandos de Medicina, todos vestidos “a rigor, de beca”, com placas enaltecendo o hipócrita “BolsoMito” (cujo pensamento vai totalmente contra o juramento de Hipócrates), eu me pergunto: até quando vai essa escrotidão (com a palavra sem tachado mesmo) nesse nosso mundo cão?

E, estarrecida, me volta à lembrança as recentes passeatas, quanto aos adeptos do retorno da ditadura militar... A verdade é que o mundo sempre teve (e sempre terá) figuras esdrúxulas (e, no mínimo, risíveis) com mentalidades retrógradas, como é o caso do Jair Bolsonaro (vulgo BolsoMito ou BolsoMonstro ou também Boçalnaro) que não fica atrás de outras, igualmente caricatas, como Silas Malafaia, Marco Feliciano, e também Donald Trump nos EUA (todos homofóbicos, racistas, sexistas, misóginos e por aí vai), que se aproveitam de grandes calamidades públicas e de convulsões sociais para se autopromoverem, à custa da pouca capacidade intelectual/reflexiva e também da pouca memória e do escasso conhecimento histórico da população como um todo.

O professor de Filosofia, História e Ciências Humanas Leandro Karnal também se sente consternado, e “fracassado” como educador, diante dos últimos acontecimentos, todos dignos de “fim dos tempos”. O professor compara, ironizando, o deputado BolsoMonstro com Lord Voldemort (personagem macabro do ator Ralph Fiennes, no filme “Harry Potter”) e usa a mesma brincadeira do filme em que o nome do malévolo (“você sabe quem”) deve ser evitado, porque não se deve pronunciar o nome do demoníaco para não invocar o mal para si (hilário, uahuahuah).


A tal “lógica do estupro” não é de hoje... o porno ator Alexandre Frota há tempos atrás, contou como estuprou um mulher, sob risadas e aplausos da platéia num programa televisivo... um tempo depois, por conta de protestos gerais de grupos feministas em defesa da violência contra as mulheres, o tal go-go boy Alexandre Frota (o mesmo que agora quer participar das mudanças na educação no governo interino de FrankesTemer) desconversou dizendo tratar-se de uma peça de teatro”.

Já o deputado Paulo Maluf, nos idos anos 90, disse em alto e bom som na TV, “estupra, mas não mata” (quando diante de caso semelhante ao atual), e o Bolsonaro recentemente em um bate-boca com a deputada Maria do Rosário (que interpelava-o, dizendo a ele que o mesmo incentivava a violência) disse, revidando, “só não te estupro porque você não merece” (na discussão, ele dizia que “não era um estuprador”, mas...), e no dia seguinte, em uma entrevista para um jornal sobre o ocorrido, onde poderia ter se desculpado, alegando “ter ficado nervoso” e, irritado, ter “falado o que não devia”, mas ao contrário, ainda reiterou dizendo que “ela não merece ser estuprada porque é feia, não faz meu gênero, por isso jamais a estupraria” (é a velha e escrota “lógica do machismo”, como se o estupro fosse um “prêmio” apenas para as “gostosas”).

Ou seja, o deputado Boçalnaro reforça, em público, o que já sabemos há muito da nossa sociedade machista e patriarcal que, além dessa escrota “lógica do estupro”, também não vê “nada demais” homem escarrar, no sinal, de dentro do seu carro, coçar o saco no bate-papo nas esquinas, e botar o “pau prá fora” em qualquer muro ou árvore pelo caminho “para mijar quando está apertado” (eu perdi a conta de quantas vezes tive que me desviar dessa cena esdrúxula desde a minha pré-adolescência até os dias de hoje em eventos populares de rua)... é um contrassenso... ao mesmo tempo rotula-se a mulher como “não recatada” e “merecedora de  ser estuprada”, apenas por ser “gostosa” (pois muitas, não necessariamente, nem mesmo estão com decote ou minissaia, ou qualquer outra roupa ou conduta que a desabone).

Para dar um fim definitivo a essa cultura machista, temos que começar a mudar nossa postura  (de ambos os genitores) dentro de casa, com os nossos meninos desde tenra idade respeitando as suas irmãs, primas, vizinhas, colegas de escola (meninas são crianças, e não “novinhas”, como se propaga nas músicas do estilo funk, em propagandas, etc) mudando os costumes entre os gêneros (como deixar de urinar na rua, parar de expor e de valorizar em excesso o pênis do menino como um “troféu”, em detrimento da vulva da menina vista como algo “impuro”, parar de ensinar piadinhas sexistas entre os gêneros, e por aí vai).

O belo vídeo “Dear Daddy” (“querido papai, nascerei menina... faça tudo o que puder para que isso não seja o maior perigo da minha vida”) mostra como nós mulheres desde o nascimento temos que batalhar ainda e muito (ainda mais diante de muitas mulheres que, sem noção, se dizem antifeministas e ainda reforçam o machismo dos homens) para conquistar o direito de ser mulher nesse mundo (e existe mulher que ironiza o movimento feminista), como bem disse Simone de Beauvoir, no seu livro “O segundo sexo” nos anos 50 (“não se nasce mulher, torna-se mulher”).



Por tudo isso, concordo que o deputado Jean Wyllis errou ... afinal, daquela distância ficava difícil acertar o cuspe em cheio (Uahuahuah). Porque, falando sério, Jean Wyllis fez pouco, por tudo o que esse crápula fez, faz e, pelo visto, vai continuar fazendo... BolsoMito merece sim (principalmente, pelas mulheres que ele diz “merecedoras e as não merecedoras” de serem estupradas) não só ser cuspido, mas escarrado e vomitado por todas as pessoas de bem desse país. 

O BolsoMonstro já se declarou favorável à tortura e confirmou isso ao enaltecer um torturador em plena casa democrática, no caso o Congresso Nacional – defensores do tal malévolo, sem nenhuma noção humanitária e histórica, ousam comparar torturadores com os guerrilheiros, mas torturadores, que mundialmente são incluídos nos chamados Crimes contra a Humanidade, são funcionários que recebem salário para torturarem friamente um opositor capturado e indefeso.

Civis só se tornam guerrilheiros, quando não mais têm uma opção pacífica, nas lutas contra injustiças sociais (como foi o caso de Nélson Mandela, preso injustamente como “terrorista” que ele nunca foi e depois ganhou o Prêmio Nobel da Paz) ou quando a democracia e os direitos civis como liberdade de expressão encontram-se aniquilados e os indivíduos são submetidos a torturas apenas por serem contra um regime (como foi o caso dos nossos guerrilheiros na nossa ditadura militar, e de muitos outros que lutaram contra as torturas de Franco na Espanha, na ditadura de Pinochet no Chile, e por aí vai...). E guerrilheiros não são bandidos, ao contrário, como são civis sem porte de armas, muitos desses grupos se viram obrigados a assaltar bancos e outras instituições para aparelharem o movimento libertário contra militares fortemente armados.

O tal Boçalnaro disse, no programa CQC, para a cantora Preta Gil que “relação inter-racial é pura promiscuidade, e que a cantora foi criada nesse tipo de família, desmerecendo e ofendendo a mesma... disse também em outro programa de TV (ao ser perguntado caso ganhasse as eleições, mesmo democraticamente, via voto) que “daria um golpe e fecharia o Congresso” (defensores do deputado alegam que “o Congresso só tem corruptos”, sim ninguém questiona isso, mas fechar o Congresso é regime ditatorial, totalitário/autoritário e, se o Congresso é o que é, a culpa é nossa, que os colocamos lá, e dos próprios deputados que não têm interesse de mudar as regras eleitorais hoje vigente).

Boçalnaro diz também que “desce a porrada se vir dois gays se beijando na rua” (qual a afronta aí?? uma vez que, se isso agride a “moral e os bons costumes”, ninguém “desce a porrada” quando nossas meninas se deparam com um homem com o “pau prá fora” mijando na rua)... diz que “voto não vai mudar nada” (mas ele insiste em dizer ser “um “democrata”)... diz que tem que ter “uma guerra civil e morrer uns 30 mil começando pelo FHC” e, não satisfeito, complementa “se vai morrer uns inocentes, tudo bem”.

Óbvio que, na prática, serão os pobres e indefesos os tais 30 mil que vão morrer numa guerra civil (os corruptos do bem”, da “high society”, é que não serão). Mas provavelmente é esse o real objetivo do BolsoMonstro, acabar de vez com a pobreza crônica do país, uns matando os outros... mas quem vota nesse crápula deveria lembrar que, historicamente, a desigualdade social, a migração dos nordestinos para o sul/sudeste, o coronelismo, o voto de cabresto, e demais mazelas da nossa sociedade já estão aí há pelo menos um século, num país governado a maior parte do tempo pela direita.

Uma direita que prega o empreendedorismo e o neoliberalismo como saída para “acabar com a pobreza e vencer na vida” (mas é a mesma direita que historicamente nunca resolveu a pobreza, a corrupção, o coronelismo, o voto de cabresto no Brasil); nessa hora relembro o professor Leandro Karnal, num dos vídeos lá no início do texto, quando ironiza sobre a “filosofia do empreendedorismo” (que pode até ser uma ótima dica para quem já nasceu em berço de ouro), da autora do livro de autoajuda “O segredo”, caso diante de um precipício: “pensa, mas pensa forte, que você tem asas e pode voar” (Uahuahuah).

Portanto, é  óbvio que todas essas mazelas da nossa sociedade não são “invenções da esquerda” (que mal chegou ao poder agora na última década) e muito menos do comunismo (que nunca foi implantado por aqui, e os representantes comunistas mal têm representatividade nos governos)... ou será que alguém tem dúvidas, por exemplo, de quando foi escrito “Vidas secas” e “Grandes Sertões: veredas”???!!!

A conclusão que se chega é que, quem vota num cara que, descaradamente, fala coisas como esse factóide, idolatrado como “Mito” (que não são “apenas falácias de um mito”, as falas de “você sabe quem” estão todas aí na internet, saindo diretamente da boca com hálito de enxofre do próprio, prá quem quiser conferir), das duas uma: ou o eleitor dele não tem a mínima ideia de quem ele é, ou então se tem, e concorda com o “devil”, então é um ser tão desprezível e abominável quanto o próprio (o vídeo abaixo faz um resumo da história de vida do falso Mito).


Um crápula como Bolsonaro deve ser escorraçado definitivamente da vida política/pública pois está há mais de duas décadas na política sem um único projeto aprovado para o povo, apenas complementando o seu “pé de meia” na política (e de toda a sua família), uma vez que já vive de rendas (é militar da reserva, de onde deveria ter sido expulso por indisciplina e conspirações conforme denúncias no vídeo anexo, mas como sempre conseguiu dar o famoso “jeitinho brasileiro” e desmentiu tudo e foi então reformado ) e apenas colecionando ofensas com seus discursos de ódio e violência Brasil afora...

Quando um candidato da estirpe malévola como a desse Bolsonaro, ao ganhar quase quinhentos mil votos numa eleição estadual para deputado, a conclusão que se chega é que... ou a sociedade está sendo manipulada pelo tal, que passa uma imagem falsa de “caçador de corruptos” e “defensor da família”, e pela mídia que dá cartaz a quem não tem méritos (o vídeo abaixo reforça a veracidade da história revelada, eu mesma conferi, sobre “você sabe quem”)...



Ou então, ao concordar com as falácias do tal, então conclui-se que há algo muito errado com essa nossa sociedade, pois se encontra muito longe do conceito de cidadania e de civilidade, estando bem próxima da barbárie. 

Muitos reclamam da ditadura da esquerda (de países como Coréia do Norte, China, Venezuela, Cuba e outros) mas não percebem que incentivam através desses candidatos macabros os mesmos totalitarismos, com a única diferença é que são de extremíssima direita. Bolsonaro insiste que o tal coronel Ustra defendia a nossa democracia (??) e alega que o tal torturava guerrilheiros treinados em Cuba, na Coreia do Norte”  (que democracia??!! estávamos em uma clássica ditadura militar que impedia jornalistas e pessoas em geral de exercerem seus direitos de liberdade de expressão e os tais guerrilheiros nada mais eram civis que resolveram lutar contra isso, nada mais).

E os tais religiosos (religiosos???) Malafaia e Feliciano e quase toda a bancada evangélica do Congresso (que não representam o povo espiritualizado das diversas religiões do nosso país) não ficam prá trás nesse tipo de discurso não cristão, homofóbico, sexista, misógino, racista e segregador, porque, acima de tudo, toda e qualquer religião prega misericórdia e compaixão para com todos, especialmente para com os errantes. 

O filme alemão “Look who’s back” (“Olha quem está de volta”) foi rodado agora, na Alemanha de 2014,  em pleno governo de centro direita da Chanceler Ângela Merkel, com o país imerso em uma onda de descontentamento geral (não só na Alemanha, mas também nos EUA, na França, na Grécia, em toda a Europa e na Ásia, com greves, desigualdades sociais, desempregos, inflação, grave crise econômica no sistema capitalista, problemas iguais ou piores que as nossas mazelas).

O filme (já disponível no Netflix, com legendas em português) é uma mistura de ficção, mockumentário (nome dado a falso documentário, baseado em fatos mas nem sempre reais), pastelão e cenas de “terrir” (“humor negro”), tudo ao mesmo tempo, o que aparentemente seria impossível de se imaginar num mesmo filme. 

Vindo talvez, quem sabe, de uma terceira (ou quarta) dimensão, Hitler se materializa como numa máquina do tempo (provavelmente não ressuscitado, porque estaria fora de cogitação, uma vez que essa prerrogativa, segundo os preceitos religiosos, em geral, caberia aos homens santos, o que não é o caso do ditador alemão).

Então... imagina Adolf Hitler “ressuscitado”, retornando à Alemanha, em pleno século XXI, para continuar seu projeto (interrompido) de total extermínio das “raças impuras”? O ditador, no entanto, é confundido com um comediante, facilmente se infiltrando na sociedade atual alemã... essa é a proposta desse genial filme germânico (“Look who’s back”) do livro homônimo de Timur Vermes, dirigido pelo alemão David Wnendt.

Hitler “ressuscita” em meio ao descontentamento geral da população alemã com a penúria e a carestia (contra os 1% estão os “We are 99%” dos diversos movimentos “Occupy” Wall Street, London, Athens, etc ) e intensa xenofobia, numa aversão aos “inimigos vermelhos terroristas”...na verdade, poderosos empresários e líderes religiosos a apoiar forças políticas extremistas, com figuras “carismáticas” (entre aspas, óbvio) que prometem “consertar” (pura bravata) esse mundo cão (pois nada como uma nova guerra, onde poucos lucram muito, e a única coisa que se perde são vidas humanas... mas afinal, “o que são vidas humanas, quando o capitalismo selvagem só visa lucro??...”).

O diretor escolheu um ator praticamente desconhecido do grande público alemão, de nome Oliver Masucci, para viver o papel de Hitler, porque o objetivo era gravar algo nos moldes do longa “Borat” ( o filme estreante surreal de Sacha Baron Cohen) para checar a reação do povo alemão diante do líder nazista ressuscitado, e realmente o ator impressionou o público nas ruas  provocando as mais diversas reações no transeuntes nas ruas de várias cidades da Alemanha (no início  do filme, as cenas foram feitas com tomadas de câmeras escondidas, tal qual em “Borat”, daí os que não aceitaram a veiculação da própria imagem aparecem nas cenas com tarjas nos olhos).



No filme alemão, a história começa transcorrendo pela verve da comédia politicamente incorreta, mas para nossa surpresa, a tal aparente história “non-sense” vai tomando um seríssimo papel crítico social (com disfarce cômico de humor negro) e, se não verdadeiramente temos o líder nazista numa “dimensão paralela”, o filme imediatamente nos remete para a nossa realidade dimensional, e percebemos que, em pleno século XXI, infelizmente, os mesmos conceitos do famoso líder nazista continua enraizado em muitos na nossa sociedade, como vemos na fala do escroto Bolsonaro, Malafaia, Feliciano, Donald Trump, para citar só alguns.

O dramaturgo e poeta alemão Bertold Bretch  deixou escrito que “a cadela do fascismo está sempre no cio”. O recrudescimento do radicalismo e do totalitarismo sempre tendem a querer voltar e se impor... tal qual o “ovo da serpente que, através das suas finas membranas translúcidas, pode-se claramente perceber o réptil já formado no seu interior”, como declarou o personagem médico fascista que o diretor sueco Ingmar Bergman retratou no seu filme “O ovo da serpente”, dos anos 70.

“Qualquer um que fizer o mínimo esforço poderá ver o que nos espera no futuro”, insiste o personagem fascista de “O ovo da serpente” (assistindo ao filme, associaremos imediatamente esta frase às declarações dessas figuras esdrúxulas do nosso atual cenário político brasileiro aqui citadas), diante dos primeiros passos da ascensão de forças radicais ultra-conservadores que fez ressaltar as tendências egoístas e individualistas de uma sociedade então dividida, principalmente jovens cronicamente alienados (politicamente falando) e insatisfeitos com o “status quo” e por isso mesmo facilmente manipuláveis (tal e qual a nossa sociedade atual), que desembocaria no surgimento do nazismo na Alemanha, nos anos 30-40, com todas as atrocidades e crimes contra a Humanidade que todos conhecemos.




E não precisamos ir longe, pois pode ter certeza, todo cretino e mau-caráter sempre fala “em nome de Deus e da família tradicional” sempre em vão (é só confirmar no vídeo do humorista Chico Anízio, satirizando os políticos da época do impeachment do Collor, que de nada soa diferente aos discursos do atual impeachment).




O filme alemão é genial e conta com homenagens divertidas de clássicos como “A queda: os últimos dias de Hitler”, na famosa cena que, inclusive, já foi parodiada a torto e a direita em toda a web (no vídeo abaixo, foi usada a tal cena numa paródia, para criticar o polêmico final do famoso seriado americano “Lost”... uahuahauah).



Discursos de ódio, aparentemente voltado só para corruptores, associado a “esperança de dias melhores” (bem sabemos, que não foi assim que aconteceu após Hitler chegar ao poder) – esse é o terreno fértil para que, qualquer indivíduo que sinalize “inimigos” a serem combatidos ganhe seguidores ... lá fora, são os muçulmanos e refugiados os inimigos (na Europa e nos EUA)...

Já no Brasil, inicialmente são os corruptos os aparentes inimigos, mas com o “golpeachment” já revelado, é óbvio que os corruptos do bem vão continuar por aí; na verdade, os verdadeiros inimigos são os pobres e negros disputando espaço (nos aeroportos, nas faculdades, nos shoppings) com a elite brasileira branca “ariana” (a postura de líder é apenas um pretexto para direcionar o ódio pessoal, interpelado e disfarçado, às minorias), e assim encontraremos milhares de pessoas (os tais 500 mil votantes do BolsoMito) a seguir novamente o seu “Führer” (leia-se Bolsonaro no Brasil e Donald Trump na América).

O filme é um alerta para o povo alemão (e para nós também, com um “filhote de cruz credo” da estirpe maligna do Bolsomonstro na nossa política) que mostra o papel maquiavélico da mídia, promovendo e incentivando (por conta do Ibope) programas de imbecilidade (criticados pelo “próprio Hitler”) no intuito de deixar o povo alemão bem alienado (qualquer semelhança com o nosso povo, não é mera coincidência), uma vez que a História insiste em se repetir, apenas ganha novos rostos (como os de ultra extremíssima direita Bolsonaro, Malafaia, Feliciano, Donald Trump, o neonazista austríaco Norbert Hofer que, por um triz, não venceu as eleições na Áustria)... cabe a nós decidirmos se queremos um novo “Führer” de volta...

Em tempo: daqui em diante tem alguns “spoilers” de diálogos e cenas relevantes do filme que podem tirar um pouco do suspense do desenrolar da história, assim para quem quer assistir e não deseja revelações prévias, recomendo que termine o texto só após assisti-lo.

O filme alemão é um verdadeiro “soco no estômago” pois consegue contextualizar Hitler para a nossa realidade e mostrar que, apesar de todas essas décadas, desde a morte do líder nazista, continuamos ainda flertando com a barbárie – xenofobia, linchamentos, preconceitos, intolerâncias –  uma vez que, em 1933, Hitler foi levado ao poder pelo voto popular, e o próprio Hitler ressuscitado (que muitos confundem com um comediante cínico) diz, categórico, numa das falas do filme: “no começo, ninguém me levou a sério, todos também davam risada” (Donald Trump que o diga, e Bolsonaro não fica prá trás).

E, diante dos 500 mil votos dados ao deputado Bolsonaro (figura tragicômica e facilmente caricata, também risível e não digna de crédito) que vem alcançando ibope inédito (com sérias pretensões a se candidatar a presidência da República) com a sua “pregação” de leis de extermínio de minorias dignas de um malévolo, deixo para nossa reflexão um diálogo emblemático do filme alemão, que cabe muito bem nos dias de ontem, hoje e sempre:

– “Você é um monstro”, diz o protagonista do filme a Adolf Hitler.
Ao que o então ditador alemão “ressuscitado” retruca:
– “Eu sou um monstro? Então é melhor você culpar também aqueles que elegeram esse monstro. Pois eles eram todos monstros? Não, eles eram pessoas normais... E eles me elegeram porque, no fundo, elas são como eu, têm os mesmos princípios que eu, conclui Hitler.



Postado por *Rosemery Nunes ("Adorável anarquista")

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