Cena 5 Tomada 2: e a escrotice estranheza continua... (haja viseira!!!)




Não teve jeito... como acontece no cinema, tive que pegar de novo a “claquete” e fazer a “continuação” do meu texto anterior (“O mundo está muito escroto estranho”) por conta das “queixas” por eu ter deixado de fora do texto (justamente quando eu tento fazer um texto menos extenso, rsrsrs) um monte de outras escrotices estranhezas que tem proliferado nesse nosso mundo cão...porque de Deus é que provavelmente não é...

Porque até Jesus tenta amar a todos sem exceção, mas tem gente que nem Jesus tolera, porque é uma gentalha individualista que faz questão de andar com uma viseira de cavalo obstruindo a noção de visão coletiva de mundo... E quem não me deixa mentir é ele mesmo... sim, ele mesmo, “Jesus”, na esquete do ótimo “Porta dos Fundos”: “...não amo porque é babaca... e retuíta Bolsonaro”... (Uahuahuah, e é a pura verdade, Jesus com certeza preferiria um ateu espiritualizado a um pseudo cristão egoísta e nazifascista em potencial).


Pois é... uma das “reclamações” é que muitos não sabiam (e pediram mais detalhes) do boicote fascista aos humoristas do citado grupo internauta... pois é verdade... o excelente time de humoristas foi boicotado por conta de suas esquetes políticas, mas apenas aquelas esquetes que ironizavam os “malvados favoritos” da direita é que irritaram os internautas e assim criou-se uma onda reacionária que culminou no tal boicote fascista (mas os deboches relacionados aos “malvados favoritos” da esquerda foram, no entanto, bem aceitos ou, pelo menos, quem não curtiu não boicotou o grupo).

Em “Questão de Ordem”, o famoso grupo se revela hors concours no quesito ironia e deboche, ao mostrar o escracho político ao máximo, na atuação dos “atores” integrantes do nosso “Esgoto Nacional” dignos de um filme de “terrir”... e ainda tem fascistas babacóides (que, com certeza, vão ter que arranjar “outro pistolão prá ir pro céu”, uahuahuah) que têm coragem de boicotar a única coisa “séria” e sensata nesse nosso mundinho escroto político de merda.



Nesse universo de gente escrota estranha, a filósofa e escritora brasileira Márcia Tiburi, no seu livro “Como conversar com um fascista”, ensina que “é preciso resistir”, porque não é incomum nos depararmos com um desses “fascistas em potencial” dentro de nossa própria casa, do nosso lar, na nossa vizinhança, no nosso condomínio, no nosso bairro, no nosso ambiente de trabalho...

E, como não podia deixar de ser, o cinema traz belos exemplos desses tipinhos do nosso dia a dia...“A outra história americana” (“American History X”) é um excelente filme norte-americano que conta a história de uma mãe que tenta a todo custo mostrar ao filho (um adepto do fascismo/neonazismo, personagem do ator Edward Norton) o equívoco de suas escolhas reacionárias, mas infelizmente o filho vai aprender, do jeito mais triste e sofrível possível, que a mãe sempre teve razão, e quando enfim ele reconhece é tarde demais, porque a semente do ódio já estava impregnado no seu próprio irmão caçula que será a maior vítima da sua intolerância.




Em seu livro, Márcia Tiburi cita o filósofo alemão Theodor Adorno (que, em meados do século passado, escreveu a “Dialética do esclarecimento” e “Educação após Auschwitz”), ressaltando a qualidade profética do filósofo alemão que percebeu desde então o apocalíptico afundamento da sociedade pós-moderna que sucumbiria em egocentrismo e ostracismo ideológico, e a visão do coletivo seria um obstáculo intransponível para uma sociedade com valores totalmente voltados apenas para o individualismo e o consumismo.

E num estudo psicossociológico com jovens americanos, o filósofo encontrou o que ele chamou de “fascista em potencial”, ou seja, Theodor Adorno já previa o despertar desse universo conservador, reacionário e antidemocrático incutido, e antes muito bem escondido, na atual sociedade contemporânea, mas que agora, ao contrário, vem aflorando e se revelando cada vez mais (ao nível mundial, incluindo também o Brasil, que se confirma com a ascensão de políticos macabros como Donald Trump e Jair Bolsonaro, respectivamente), principalmente na virtualidade das redes sociais, onde as pessoas não mais se importam em serem más, as pessoas agora inclusive se vangloriam por terem má índole. 

O educador de Filosofia e Ciências Humanas e professor de História Leandro Karnal tenta entender e explicar o que leva pessoas de bem a se comportarem tão conservadoramente e tão irracionalmente e a resistirem tanto a um senso crítico de seus conceitos pré-concebidos.



Tiburi cita também, em seu livro, a filósofa judia Hannah Arendt que se dedicou a explorar o “vazio de pensamento” que assola a nossa sociedade contemporânea, a partir do que ela chamou de “banalização do mal”, fenômeno que percebeu nos torturadores da era nazista (e também visto em toda a América Latina, quando sob a ditadura militar) em que muitos desses carrascos alegaram (no caso em questão, o nazista Adolf  Eichmann ao  expor a  solução final” para os judeus nos campos de concentração, durante o “Julgamento de Nuremberg”), estarem “apenas cumprindo ordens“apenas obedecendo aos seus superiores” (a tal banalização do mal), sem exercerem no entanto uma reflexão crítica, ética e moral (o tal vazio de pensamento) sobre o seu cruel comportamento.

O filme norte americano “O leitor” (“The reader”) é um ótimo exemplo desse devastador fenômeno de banalização do mal, onde a atriz Kate Winslet encarna uma ex oficial nazista, apenas “cumpridora” dos seus deveres profissionais (tudo em nome do “dever cumprido”), que só refletiu sobre seus abomináveis atos décadas depois... (o problema é que alguns torturadores jamais se arrependem, como é o caso do tal General Ustra, venerado pelo macabro Bolsonaro no processo de impeachment, que morreu se vangloriando das torturas que professou durante a nossa ditadura militar, como um bem prestado à nação, por ter evitado o mal comunista, levando-nos à ditadura e às torturas do bem dos militares).



E, ao contrário, o belo filme alemão “A vida dos outros” (durante a “guerra fria”, todos eram vigiados em ambos os lados do ridículo maniqueísmo da época entre capitalismo e comunismo) é um magnífico exemplo cinematográfico de como essa banalização do mal pode tomar um rumo totalmente diferente, se o indivíduo fizer uso de uma reflexão crítica (questionando eticamente e moralmente as ordens a serem obedecidas e conceitos e paradigmas pré-estabelecidos) e estiver aberto a sentimentos de alteridade e altruísmo (no caso, o personagem espião da polícia secreta alemã, vivido pelo ator Ulrich Mühe, numa bela e imperdível atuação).



Agora, o que a filósofa Márcia Tiburi comenta surpresa no seu livro é o número de pessoas politicamente analfabetas, muitas delas letradas e pós graduadas. Uma passagem que me chamou a atenção no seu livro (principalmente porque pertenço a área médica) foi o relato surpreendente (para a escritora, mas não para mim, pois canso de topar com tipos idênticos) de uma médica que, de maneira bem ingênua, relata sua “experiência na sua profissão” para explicar porque é contra a legalização do aborto.

Ironicamente, a tal médica não percebe que, ao ser contra a legalização do aborto, ela incorre inevitavelmente na defesa da ilegalidade e da criminalização do aborto em si, uma vez que o aborto é uma prática que existe no Brasil convivendo na ilegalidade há pelo menos meio século, e que essa prática vitimiza apenas as mulheres pobres desassistidas, já que mulheres com bom padrão socioeconômico também praticam o aborto apesar de ilegal – tirem as viseiras e deixem de ser hipócritas – mas, ao contrário da população carente, sob total assistência médica/anestésica/hospitalar (apesar de toda a ilegalidade do ato).

A escritora comenta em seu livro que a postura da tal médica não é a “banalidade do mal” nem o “vazio de pensamento” (uma vez que a tal médica não parecia uma pessoa de má índole, nem sem discernimento entre o bem e o mal, ou entre o certo e o errado), mas que a tal médica com a sua postura assume o que Tiburi chama de “a malignidade do bem”, pois essas pessoas são dotadas de uma viseira individualista, envoltas em conceitos arcaicos de “céu e inferno e de pecado”, e não conseguem enxergar a hipocrisia desses supostos preceitos religiosos (mas totalmente desprovidos de espiritualidade), uma vez que nem tudo que parece certo é justo (e não conseguem enxergar que Jesus tinha justamente compaixão pelo incerto e pelo errante).

A tal médica é nitidamente uma analfabeta política por não buscar compreender o real objetivo da necessidade da liberação da lei em questão. É a viseira da “bondade potencialmente maligna” que só enxerga a “bondade” individualista (o ato do aborto em si como “um pecado”), sem perceber que a sua visão “bondosa” limitada contribui para a maldade imputada na coletividade (no caso, a comunidade carente desassistida, em contrapartida com a classe abastada que aborta com total assistência, mesmo ilegalmente).

E insisto, não são poucos os médicos com esse pensamento limitado, pois é o que mais vejo na minha profissão (e em outros profissionais graduados), esse analfabetismo político generalizado em aparentes letrados... imagina o povão... é por isso que a mídia corrupta “faz a festa”, informando mas na verdade desinformando e manipulando facilmente essa massa de manobra, tal qual uma “roda de bois mandados”. 

E, interessante, assim como eu que, apartidariamente, defendo essas leis sociais e também defendo o mandato da atual presidenta pelo simples fato de defender o voto de uma maioria democrática, independente da corrupção em torno da mesma (uma vez que os corruptores e corruptos do governo e da oposição têm que ser julgados, mas o mandato dela não) sou assim rotulada como petralha”, “comunista”, também o professor Leandro Karnal e todos os que apartidariamente pensam como eu, são também assim rotulados por esses analfabetos políticos do bem”, que nos mandam “levar prá casa o menor infrator”, nos mandam “deixar nossa casa, nosso carro, nosso celular, e irmos morar na favela” e por aí vai a incoerência e a ignorância dessas pessoas desprovidas de argumentos convincentes (no mínimo, hilário, Uahuahuah).

Tudo isso prova a tese da judia Hannah Arendt (abaixo trailer do filme sobre a filósofa), que foi chamada de traidora, defensora de nazista”, justamente por mostrar que o horror do Holocausto poderia ter sido minimizado, uma vez que também judeus participaram do destino de muitos aos campos de concentração e às câmaras de gás, simplesmente por “cumprirem ordens”, se recusando a serem humanos com ética e moral, não refletindo na consequência dos seus atos e atitudes cruéis.

Transportando a tese da filósofa para a nossa atualidade, o voto de pessoas de bem em figuras fascistas como Jair Bolsonaro e Malafaia mostra o “colapso moral” (palavras da filósofa Arendt no seu discurso) em que se enquadra a nossa atual sociedade brasileira, incapaz do ato de pensar e de interrogar os porquês e de se questionar intimamente e espiritualmente antes de querer condenar negros e pobres ( uma vez que essa é a principal “plataforma política” desses políticos macabros) a um destino ainda pior do que eles historicamente já estão condenados (antes mesmos de se tornarem possíveis infratores).



A lei visa descriminalizar o aborto e não incentivar o ato em si de abortar; ao contrário, ao descriminalizar o aborto, nós médicos seríamos procurados por essa comunidade carente (que assim não o fazem por conta do ato ser considerado hoje ainda um crime), antes de tentarem práticas cruentas e perigosas para abortar (que compromete, como vemos no nosso cotidiano da prática médica, inclusive a vida da gestante).

E poderíamos assim antes tentar reverter o desejo de abortar (muitas casos são resolvidos com conversas com os familiares, e muitas inclusive desistem de abortar), e caso a paciente ainda assim insista no aborto, pelo menos sem a criminalização, nós médicos estaríamos legalmente autorizados no serviço público a dar os mesmos cuidados médicos que pacientes da classe abastada assim sempre o fizeram, independente da lei.

A mesma interpretação vale para a descriminalização das drogas pesadas, que deveria começar inicialmente pela legalização de drogas leves como a maconha (que já está provado cientificamente que não causa danos cerebrais ou morte), o que salvaguardaria a população (principalmente a de baixa renda) do acesso ao tráfico, que hoje é a única forma da sociedade conseguir a droga, que é uma escada sim, mas para que os traficantes ofereçam drogas mais pesadas (como cocaína e crack) aos usuários de drogas leves.

Na verdade esta é a única e real situação que leva um usuário de droga leve a experimentar uma droga pesada, ou seja, já está provado que uma droga leve não leva a necessidade de consumo de uma droga mais potente, mas é a proibição que leva o usuário a ter contato com todo o tipo de droga no esquemão do tráfico, e também é a proibição que cria um mercado negro com preços exorbitantes das drogas, o que leva a população carente a aceitar “emprego” fácil e rentável dentro do tráfico para custear inclusive o seu próprio vício. 

Assim, tornando o acesso às drogas através de controle e cadastro dos usuários dependentes estaria desmantelada toda a máfia do tráfico, num benefício final para toda a sociedade coletiva como um todo que, por sua vez, não precisaria ser armada (como querem os que defendem a suspensão do estatuto do desarmamento vigente), outro risco de aumento dos homicídios numa sociedade com tamanha desigualdade social, com os ânimos acirrados no trânsito, nas redes sociais, nos estádios de futebol e por aí vai...

Para abrir de vez a mente e mudarmos a atual estratégia que não tem funcionado, existe uma gama de documentários comprovando as afirmações acima (inclusive), tais como os brasileiros Cortina de Fumaça” e Quebrando o tabu”, e os estrangeiros Weed, parte 1 e 2 (o americano Dr Sanjay Gupta antes um ferrenho opositor à liberação da maconha conta porque mudou de opinião após se aprofundar no conhecimento da droga), The Union: the business behind getting high”, “Cannabis rising: the key in the loke”, “Run from the cure” (esses dois últimos sobre o uso medicinal da maconha, dificultado pela proibição) e muitos outros.




Outro exemplo de analfabetismo político: o antes pacifista Nélson Mandela acabou aderindo à guerrilha (quando do massacre de Shaperville, quando civis desarmados foram mortos pela polícia sul-africana), participando de combates violentos e sanguinolentos (com mortes dos dois lados, entre civis e militares) e também participando de assaltos a instituições (já que eram civis desarmados e tinham que conseguir armas para lutar contra uma polícia sul-africana muito bem equipada) e a partir disso foi caçado sem tréguas, até que após mais de 20 anos preso injustamente como terrorista, foi solto, e enfim reconhecido com o Prêmio Nobel da Paz e voltou nos braços do povo (reconhecido como herói por quem ele tanto lutou e sofreu torturas) como presidente eleito democraticamente.

Assim foi o caso dos nossos guerrilheiros que eram inicialmente pessoas pacíficas e democráticas (o caso da nossa atual presidenta e também do jornalista e politico Fernando Gabeira, que também participou da luta armada contra a ditadura militar) que, no entanto, se viram obrigados a pegar em armas para lutar por nós contra a violência dos nossos policiais militares (que “suicidavam” nas celas jornalistas e outros que tentavam denunciar as torturas da era militar), guerrilheiros esses que os analfabetos políticos equivocadamente julgam como “terroristas”, “bandidos”, “assaltantes” e “comunistas” (coisas que nunca foram).

Ao contrário, assim como Mandela, os guerrilheiros lutaram por nós, pela volta da democracia que temos hoje. E se for preciso, para defender a democracia agora de novo em risco, muitos cidadãos de bem vão se entrincheirar e lutar (eu, inclusive) para defender o nosso estado de direito, a nossa democracia e a nossa liberdade de expressão, caso tomem de novo o país pela força.

O que não é o caso do deputado fascista Jair BolsoMonstro, que finge ser democrata, mas ele sim um incentivador de golpe e guerra contra a democracia, uma vez que alegou que, mesmo se eleito (mesmo democraticamente) “daria golpe e fecharia o Congresso no mesmo dia” (isso é autoritarismo ditatorial contra o estado de direito numa democracia) e que “através do voto não vai mudar nada

O macabro deputado diz também ser “favorável à tortura”, e diz em alto e bom som que espancaria se visse um casal de gays se beijando na rua (mas falso e esperto, com medo de perder voto, anda agora bradando que não é homofóbico e outras coisitas mais) e incentiva uma guerra civil para que se morra uns 30 mil, começando pelo FHC” e se “vai morrer alguns inocentes, tudo bem” (todas as aspas são palavras do próprio macabro), além de racismo (disse a Preta Gil que relacionamento inter-racial é promíscuo), opiniões típicas de um verdadeiro nazi-fascista anti-democrático (vide abaixo).




De novo, outra interpretação equivocada dos analfabetos políticos: ao contrário do que pensam, o ideal (para os que pensam no coletivo, na sociedade como um todo, óbvio) é barrarmos a lei que visa diminuir a maioridade penal, uma vez que encaminhar pequenos infratores cada vez mais jovens para uma prisão conjunta com marginais adultos é prepará-los para aprenderem ainda mais a prática de latrocínio e outros crimes mais hediondos, ameaçando ainda mais toda a sociedade que acredita estar fazendo “um bem para a sociedade” (de maneira equivocada, no caso de pessoas de bem mas analfabetos políticos, e hipocritamente, no caso de pessoas de má índole mas muito espertas, tais como Bolsonaro) rebaixando a idade penal desses jovens ( o que não significa que não devam sofrer imputabilidade penal, o sistema é que tem que ser mais eficaz nessa prorrogativa, independente da infração e da idade do infrator).

Qualquer pessoa espiritualizada (independente de religião) com um mínimo de dignidade e compaixão sabe que nenhum recém-nascido nasce com má índole, e que os conceitos morais e éticos de um ser humano que acaba de nascer vão ser formados de acordo com o ambiente em que vive e do que lhe transmitem, e por conta disso, se exercermos nossos verdadeiros conceitos religiosos espiritualizados, temos que ter obrigação de dar uma chance para que todos possam ser regenerados (cientificamente está provado que apenas uma parcela mínima dos seres humanos nascem psicopatas sociais, sem capacidade de compaixão pelo seu semelhante). 

E todos bem sabemos como a sociedade protege hipocritamente os seus filhinhos nascidos em berço de ouro (mesmo os maiores de idade, legalmente responsáveis por seus atos), na hora que cometem um delito ou uma infração, mas quando se trata de um menor carente (ou qualquer outro pobre, principalmente negro e de qualquer idade) julgam impiedosamente o tal, muitas vezes sem nenhuma chance de defesa (se pegos em flagrante, podem inclusive serem julgados e linchados ali mesmo).

O excelente filme argentino “Relatos Selvagens”, de 2014, conta numa das histórias (são seis histórias independentes, não interligadas, no mesmo filme) um acidente no trânsito provocado por um jovem rapaz, sob efeito de álcool, da alta sociedade, que atropela uma mulher grávida e foge sem prestar auxílio e a mesma morre (junto com o feto) ao dar entrada no hospital levada por transeuntes que a socorreram.

O desenrolar da história revela um jogo macabro, arquitetado pela família rica do rapaz para salvar a pele do mesmo (que nem era menor de idade, mas a mamãezinha dele insiste que o rapaz não vai suportar ficar atrás das grades), uma vez que a família da gestante morta não é abastada, mas também não é uma “joana ninguém” (ou seja, por ser a gestante da classe média, a repercussão na mídia foi estrondosa, à cata do culpado)... não dá para revelar mais, pois se trata de um filme recente que muitos ainda não viram, e revelar mais eu teria que fornecer “spoilers”, tirando o suspense final da história, mas quem assistir esse filme, vai se lembrar imediatamente desse meu texto em relação aos que realmente acabam “pagando o pato” nessas horas...



E, só prá lembrar: todas essas problemáticas do Brasil (drogas, aborto, tráfico, menores infratores e outras), nenhuma delas é invenção comunista, ou culpa da esquerda, pois assim como nunca teve comunismo por aqui, também proporcionalmente, em matéria de tempo, o país sempre foi reinado principalmente por uma direita que exclui cada vez mais os excluídos socialmente.

Ou seja, todas essas mazelas da nossa sociedade estão aí, no mínimo, há mais de meio século (e não aumentaram,  apenas estão mais expostas e discutidas abertamente, outrora muito bem acobertadas dentro da nossa “tradicional família, mídia e sociedade branca brasileira”) sob a batuta da direita conservadora e reacionária (o voto de cabresto, o coronelismo e outros vícios eleitoreiros são heranças da direita elitista que não tem interesse de deixar o poder para essa coisa chamada povo), e se as políticas proibitivas até hoje não surtiram nenhum efeito benéfico, muito pelo contrário, então está mais do que na hora de mudar.

E mais uma vez, o genial “Porta dos fundos” mostra de maneira cômica, mas trágica ao mesmo tempo, a farsa que há por trás do “suposto benefício” da redução da maioridade penal: “é só um bebê”... “estatisticamente, daqui a pouco vou ter que prender o garoto”... “vai anotando que o meliante é black block”).



O “Porta dos fundos” é uma crítica mordaz aos paradigmas de uma sociedade hipócrita e, como bem diz o criador do humorístico Antônio Tabet, quem não quer assistir aos esquetes, apenas não o acesse (isso sim é democracia, jamais aceitem um boicote fascista) porque o grupo vai continuar prezando a liberdade de expressão e a civilidade e não vai abrir mão da democracia, e “vai continuar tacando pedras prá cima” (para que caiam para qualquer lado e em qualquer direção), mas “jamais em minorias oprimidas ou em injustiçados históricos” (fundamental, diga-se de passagem), como diz Tabet, em recente entrevista.

E, quando acabar essa ridícula rivalidade política (digna de um “Fla x Flu”), os tais “fascistas em potencial” voltarão, quem sabe, o ridículo boicote de novo contra o grupo, por conta das esquetes altamente denunciatórias de intolerância, por parte de “religiosos” igualmente reacionários que julgam que o time de humoristas são “satânicos”, uma vez que a viseira não deixa que eles enxerguem que os tais comediantes ironizam, nas milenares passagens bíblicas, justamente a própria pseudo-espiritualidade desses tais intolerantes babacóides, como bem disse “Jesus” na esquete lá de cima (“O que foi, gente?”... em “A cura”, o grupo mostra a verdadeira compaixão de Cristo ao curar a única doença do sujeito, causadora do “fogo interno que o corroe”... Uahuahuah). Genial!!!



Postado por *Rosemery Nunes ("Adorável anarquista")

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