| Wagner Williams Ávlis*
✩ Pra Comecinho de Nosso Maravilhoso Papo
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WAGNER WILLIAMS ÁVLIS – crítico literário da Academia Maceioense de Letras (reg. O.N.E. nº 243), professor de Língua Portuguesa, articulista, historiador do Homem-Morcego.
ΠΣApontamentos Meus
A autora deste tratado, Virna Maria Ockhein, em
suposta foto dela, recuperada do Drive. |
Nessa parte introdutória, o tratado se ocupa em dedicar-se para algumas pessoas e explicar os motivos que levaram a ele, basicamente um debate de fórum sobre a personagem, se ela voava no tempo do seriado (1975-1979) de Lynda Carter ou se só passara a voar muitos anos depois, e como isso se deu. Como até então esse informe era confuso até mesmo para fãs de longa data, a autora trata de responder logo de primeira, e a partir da resposta desenvolve esse tratado inédito nas mídias nerds sobre a Princesa Amazona.
Dedico com carinho e amizade estas minhas anotações (um tanto que gripadas! =/) aos meus amigos presenciais donde vivo, e aos virtuais do G+ que me apoiaram e defenderam na Comunidade g+Quadrinhos. Dedico também aos que valorizam e fazem jus à liberdade, que todos os dias levantam voo por ela, sem o medo de cair.
"Liberdade de voar num horizonte qualquer,
Liberdade de pousar onde o coração quiser.
Não há limites, altura ou fobia,
Liberdade de pousar onde o coração quiser.
Não há limites, altura ou fobia,
Porque o coração salta
Os abismos que a mente cria.”
(Cecília Meireles, 1901 – 1964).
Amiguchos dos quadrinhos, de antemão garanto a vocês, a Mulher-Maravilha NÃO VOAVA ANTES DE “CRISE NAS INFINITAS TERRAS”. Mas só até a década de 1970; no início desta mesma década (c. 1972), a Mulher-Maravilha PASSOU A VOAR ANTES DE “CRISE NAS INFINITAS TERRAS”, e, durante os eventos dessa mesma maxissaga, a Princesa Amazona já voava. Vou demonstrar a vocês e a todos os interessados, podendo dizer que esclareceremos de vez essa questão no Brasil (e com o mérito dessa COMUNIDADE G+), o tema do voo da Mulher-Maravilha em toda a sua mitologia nos quadrinhos. Preparem-se pra ler bastante, tchê! Turminha, é necessário entender toda a confusão em torno dessa questão tomando como dado o fato de que, durante longo tempo, a indústria dos quadrinhos não era disciplinada e organizada como agora, tá? Ela ainda não sabia lidar bem com a novidade do produto “quadrinhos”, e da Era de Ouro à Era de Prata a continuidade não era uma técnica importante, e acho que a amiga PABLINA MILANE mencionou algo do tipo no post. A consequência disso foram os problemas jurídicos, editoriais, artísticos, publicitários, midiáticos. Some-se a isso um mundo arraigado na tradição machista, másculo, patriarcal, masculinizado, despreparado para acolher, com equidade, mulheres super-heroínas, subvertendo os antigos padrões sociais. Só pra se ter uma ideia do que digo, a Mulher-Maravilha, 1ª mulher honorária na LJA, recebeu um pífio título de “secretária” da Liga. Pra juntar o preconceito com a injustiça, quando ela deixou o grupo por um período (na década de 1970), os membros a forçaram a um “estágio probatório” durante mais de um ano antes do seu retorno ao grupo. Nesse torvelinho, a Mulher-Maravilha, por mais que se esforçasse pra ganhar sua dignidade e afeição na indústria, era posta em 2º plano, descuidada pelos artistas da época, subestimada pelo público (masculino). Fato é a constante nos furos de roteiro, informes desencontrados, nas contradições/confusões em texto ou desenho, nos retcons inconscientes, inconsistentes, inconsequentes, impulsivos, personagens soltos (como Diana enfermeira, Babywonder, Wondergirl, Snapper Carr), tudo a gosto pessoal de cada escritor/desenhista, sem supervisão séria ou edição rigorosa. Inevitavelmente, a habilidade de voo dela (e outras mais!) não fugiria à regra, meus queridos!
Pra essa questão do não voo da Mulher-Maravilha, leitores liberais da velha guarda da amazona passaram a teorizar uma avalanche de explicações. Uma das mais discutidas no espaço nerd mais nostálgico e liberal é a da “vulnerabilidade ao patriarcado”, a qual não aceito, pelo simples fato de não mais fazer sentido quando a Princesa Amazona passou a voar nos anos 1970 (sou conservadora mesmo, e daí, algum problema?!); mas que de todo modo lhe apresento, turminha! Uma premissa da Era de Ouro era a de que todas as amazonas themysciranas têm força, agilidade e resistência sobre-humanas, onde Diana Prince é a mais poderosa delas. Relativo a isso, a Wikipédia, há um tempo, problematizava um verbete sobre Diana, dizendo que sua resistência “é confusa”, dado que ela pode suportar rajadas de seres sobrenaturais ou alienígenas, mas que não resiste a balas, 7 flechadas e tiros, tendo que usar braceletes pra desviá-las. A velha guarda então apresentou a tal da teoria da vulnerabilidade ao patriarcado, recorrendo às histórias de Robert Kanigher e Denny O'Neil (décadas de 1950-1960), segundo as quais a Mulher-Maravilha não pode receber danos de armas pontiagudas ou inflamáveis fabricadas no mundo do patriarcado, posto que, na organização das amazonas tal qual conhecemos, Hera e Zeus separaram e puseram inimizade entre o matriarcalismo e o patriarcalismo. Ou seja, armas brancas, balas e granadas podem feri-la pela maldição de serem concebidas pelo sexo masculino e por receberem as graças de Ares, o deus da guerra. Funcionando como um retcon, isso explicava coisas que William Moulton Marston não explicou, como, por exemplo, por que Diana ou as amazonas ficavam fracas quando imobilizadas, amordaçadas, acorrentadas ou algemadas com objetos forjados por homem. Essa sujeição, segundo Kanigher/O'Neil, ocorria sempre que fora dos domínios da Ilha Paraíso Themyscira. Ou seja, meus queridos, a amazona que saísse da ilha ao mundo patriarcal estaria sujeita e vulnerável a danos masculinos. A teoria ganhou força em meados dos anos 1990, na fase Loebs/Deodato, que, vez outra, ressaltava isso. Portanto, como um efeito colateral disso tudo, defendem os liberais, a Mulher-Maravilha da Era de Ouro/Prata, uma vez fora de Themyscira, não conseguia voar, limitando-se a dar hiperssaltos. Após a defesa e difusão dessa teoria, a Wikipédia retirou o texto da “confusa” resistência da Mulher-Maravilha, num claro sinal de que a acatou.
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WAGNER WILLIAMS ÁVLIS – crítico literário da Academia Maceioense de Letras (reg. O.N.E. nº 243), professor de Língua Portuguesa, articulista, historiador do Homem-Morcego.