O mundo é dos chatos (e dos machistas): até quando?




Tenho andado deveras muito intolerante com pessoas machistas... Tento ser tolerante em muitos aspectos na minha vida social, mas confesso minha “mea culpa”... eu simplesmente não tolero machismo (e se for alguém que, inflado de orgulho, ainda se declarar “machista-mor”, então nem se fala...!!!).

Apesar de toda a evolução do novo século XXI, a ditadura machista ainda “dita moda”, inclusive no Oscar, em pleno tapete vermelho, mas recentemente, as atrizes hollywoodianas deram um passo à frente contra essa ditadura, quando em 2014 a atriz Kate Blanchett interrompeu uma entrevista para perguntar ao cinegrafista (que filmava seu corpo de cima a baixo): “você faz isso com os homens?”



E desde então várias atrizes vêm denunciando o machismo nos “tapetes vermelhos da vida”, reivindicando tratamento idêntico ao dos homens (cobrando perguntas sobre suas carreiras e seus trabalhos ao invés de apenas perguntinhas medíocres sobre dietas, cabelos, unhas, plásticas e outras futilidades). 

E inclusive agora, em 2015, as atrizes (como por exemplo, Reese Witherspoon) voltaram à carga contra o machismo no tapete vermelho, com a campanha que usa a hashtag “#AskHerMore” (“não pergunte sobre o vestido, mas sim sobre a mulher que o está usando”) e reivindicaram salários e direitos iguais aos do sexo masculino.




Sempre tive “um pé atrás” com homem muito cortês do tipo que “abre a porta do carro para a mulher entrar ou que puxa a cadeira no restaurante para a mulher sentar” (a não ser o manobrista ou o garçom que o fazem por “quase” uma obrigação do seu cargo)...

A impressão que eu tenho é que os tais valorizam tanto os seus “gestos de cavalheirismo” que, consequentemente, acham que nós mulheres temos que retribuir endeusando-os, ficando aos seus pés (e muitas mulheres, equivocadamente agradecidas”, assim o fazem), mas o que tenho visto é que, na primeira oportunidade, serão grosseiros, falarão rudemente, num evidente apelo de quem quer mostrar “quem é que manda no pedaço”...

Porque a maior parte dos homens que assim o são guardam dentro de si os velhos costumes de outrora, ou seja, associada a essas supostas gentilezas, querem de volta o machismo e o patriarcado, embutidos na relação a dois.

Essas supostas cortesias ditavam as regras de comportamento dos homens e mulheres, numa época em que “lugar de mulher era na cozinha”, e as mulheres teriam que retribuir tirando os sapatos dos seus homens quando chegassem de volta a casa após a labuta, serviriam a mesa atendendo a todos os caprichos dos seus homens, esgotados do trabalho (e se bobear, cansados da farra com a clássica amante “secreta”) e assim os casamentos duravam, duravam e duravam... ( felizes para sempre?).

Recentemente, me deparei com um desses “gentis cavalheiros” e bastou pouco para o sujeito ser grosseiro na primeira oportunidade que pôde – “ora, vai cantar de galo noutra freguesia” e, antes que eu me esqueça, “vai tomar no .. ”, era esse o recado que me veio à cabeça ao perceber a grosseria do indivíduo, mas achei melhor me levantar e me retirar do recinto envenenado de machismo escroto...

Enquanto as atrizes hollywoodianas se rebelam, nós mulheres brasileiras estamos ainda muito atrasadas, acreditando que a nossa sociedade tem “direito de ser machista” (foi o que uma amiga me disse, no tal embate que tive com o sujeitinho machista acima, alegando que, se nós podemos ser feministas, os homens também têm o direito de ser machistas”) e raramente vemos uma mulher por aqui admitir ser feminista e desafiar o mundinho machista... se bem que, se depender dos comediantes do Porta dos fundos”, isso vai mudar em breve... (uahuahuah).




Agora, e se o sujeitinho, além de machista, for também um “chato de galocha”??... Por exemplo, hoje tenho uma hiper-especialidade numa área específica da medicina, mas tive que provar por muito tempo a minha capacidade intelectual e profissional (tais quais as atrizes hollywoodianas), a ponto de já ter ouvido de um dos meus colegas médicos a frase tipicamente de incredibilidade (e igualmente machista): “não é que você aprendeu direitinho?!”

E justamente por eu ter “aprendido tão direitinho”, acabei sofrendo um traumático assédio moral no meu trabalho, por parte de um (agora ex) chefe que, apesar de ser incompetente e um imperito na especialidade idêntica à minha (daí o assédio moral em cima da minha pessoa, porque eu passei a ser uma ameaça profissional para ele), o dito cujo nunca foi sequer questionado pelos demais colegas (bem típico do mundinho machista) quanto à credibilidade dele no tal método diagnóstico.

O meu estresse emocional foi imenso na época do assédio moral, a ponto de eu preferir fazer dois desgastantes plantões semanais noturnos (onde o usual é apenas um), sem nenhuma vantagem salarial, apenas para me livrar do tal chefe “motherfucker”, e só então, após sair do setor dele, pude processá-lo no Conselho de Ética Médica (por atitudes anti-éticas e imperícia médica mas, como além de incompetente o sujeitinho é um mau caráter, ele bloqueia o andamento do processo há anos).

E, apesar de todo o sofrimento que passei, ainda assim “os chatos de plantão” (e de forma bem machista) continuam a me relembrar daquela época com piadinhas escrotas em relação à minha briga (com o tal chefe “motherfucker”), como se a mesma tivesse sido “apenas uma briguinha passional” sem consequências. 

E novamente deixo a turma do Porta dos Fundos denunciando, de maneira hilária, a diferença no tratamento que é conferido a uma mulher e aos homens num ambiente profissional.



E o que não falta são os “eternos chatos de plantão”... Aff... sabe aquele cara “que se acha”, que quer na marra continuar sendo eternamente jovem, que segue todos os clichês da moda só para parecer jovem e “cool” ? – por exemplo, o cara se diz surfista e, porque acha que rock and roll é coisa de velho” (???), então contraditoriamente, o dito cujo diz curtir ao mesmo tempo, música sertaneja de corno e funk de cachorra!!! – e depois você descobre que, na verdade, o fulano é um machista declarado, cheio de manias e, ainda de quebra, um chato de galocha.

Sim, ando um tanto intolerante com esses chatos de galocha e se o tal ainda se declara machista... então é um prato cheio... simplesmente não dá para me controlar... Sabe aquele chato que não consegue perceber quando a brincadeira não está mais agradando? Que já passou do limite, literalmente já encheu, mas que continua a repetir a mesma zoação, na qual a pessoa já demonstrou que já está de saco cheio, mas o fulano não se manca?? (o tal machista que tive ímpetos de mandar “tomar no ..” é um deles).

Marcelo Taz, Xico Sá, João Vicente de Castro e Léo Jaime formam o quarteto do “Papo de Segunda”, programa do GNT, onde os quatro falam de variedades do mundo masculino atual e resolvem “passar a limpo” os velhos clichês do mundo másculo de que “homem não chora”, que “homem que é homem não tem vaidade”, de que “nunca brocharam” e por aí vai...

Em tempo: no universo machista, os homens também são prejudicados principalmente quando em vigência de aposentadoria, quando deveriam ter os mesmos direitos da mulher, ou seja, não deveria haver diferença de idade entre os dois sexos na hora de aposentar (eu acato apenas porque é uma lei, mas eu a considero injusta para com os homens, que se aposentam cinco anos após as mulheres da mesma idade), mas quanto aos demais direitos (trabalhistas, salariais, sociais e morais) as mulheres sempre são muito mais prejudicadas. 

E os quatro rapazes do programa aproveitam e fazem a “lição de casa” com dicas nada machistas e até feministas, me fazendo lembrar da bela música “Superhomem” de Gilberto Gil (“vivi a ilusão de que ser homem bastaria, que o mundo masculino tudo me daria... que nada, minha porção mulher que até então se resguardara é a a melhor porção que trago em mim agora...). 



E, num dos temas do programa, eles abordaram o tal “chato de galocha”... aquele tipo que, sem ter o que dizer, sai com a clássica “é pavê ou prá comer?”... falam do chato que não desgruda e te liga a toda hora, e se você não atende, deixa mensagens de “bom dia, boa tarde e boa noite” sem nenhum assunto a ser abordado, e por aí vai...



E, para terminar, insisto... enquanto existir o machismo enraizado na nossa sociedade (que, por já fazer parte da nossa cultura, não dá o direito aos homens de serem machistas”, como equivocadamente acredita minha amiga), nós mulheres brasileiras temos obrigação, temos o DEVER de sermos feministas (não como uma bandeira, como fazem os homens que, orgulhosos, se intitulam machistas, mas sim como um protesto contra o machismo que condena a mulher ao “status de 2º sexo”) até que possamos todos extinguir de vez tanto o machismo como o feminismo, para sermos enfim apenas “humanos demasiadamente humanos”... (quanto ao chato de galocha, sei não, difícil acabar com essa raça...).

Postado por *Rosemery Nunes ("Adorável anarquista")

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