Resenha: O velho e o mar




“Ele era um velho que pescava sozinho em seu barco, na Gulf Stream. Havia oitenta e quatro dias que não apanhava nenhum peixe. Nos primeiros quarenta levara em sua companhia um garoto para auxiliá-lo. Depois disso, os pais do garoto, convencidos de que o velho se tornara salao, isto é, um azarento da pior espécie, puseram o filho para trabalhar noutro barco, que trouxera três bons peixes em apenas uma semana.”

Começa assim a história do velho Santiago, que depois de tanto tempo sem pescar um só peixe resolve, no 85º dia, sair ao mar na companhia apenas do seu pequeno e simples barco e suas já tão usadas ferramentas, argumentando ser esse o seu dia de sorte, o dia em que pegará o peixe mais difícil de sua longa vida.

O velho e o mar é aquele tipo de livro que cativa pela simplicidade. Não do enredo simplesmente mas também (e principalmente) pela escrita do autor. Livro mais enxuto poucas vezes li na vida. Nada sobra aqui, tudo é exposto por algum motivo, e o que deve aparecer aparece no momento certo. Ernest Hemingway (expoente da chamada geração perdida dos anos 1920, ao lado de Scott Fitzgerald) escreve como o notável jornalista que era. E chama atenção como uma escrita sem tantos floreios e malabarismos traz tantos sentimentos dada a brevidade do livro (apenas 124 páginas).

Publicado pela primeira vez em 1952, O velho e o mar é um dos maiores motivos pelos quais Hemingway ganhou o Nobel de Literatura em 1954. Um livro que fala de solidão, esperança e superação como poucos, escrito de maneira objetiva mas sem deixar de lado as emoções. Sua relação com as infindáveis águas cubanas e com o garoto Manolin, que apesar de curta, durante o livro, é incrivelmente forte, nos dá noção do quão singela é a vida do pobre velho. Mas nenhuma relação aqui é tão bela e ao mesmo tempo perigosa do que a que Santiago tem com o enorme peixe. É interessante ver como a força aparece, e permanece, quando menos se espera, e que quando ela se esvai, a esperança sempre continua.

“É uma estupidez não ter esperança, pensou. “Além disso acho que é um pecado perder a esperança. Mas não devo pensar em pecados. Já tenho problemas demais para começar a pensar em pecados. Para dizer a verdade, também não compreendo bem o que são os pecados.”


Nunca havia lido nada do autor e digo que a experiência de lê-lo me agradou muito. Livro rápido de ser lido, porém nem tão rápido de ser absorvido. É aquele típico livro que não acaba depois da última página e fica com você durante um bom tempo. A escrita e a simplicidade da história fazem com que tudo o que está sendo narrado pareça algo crível, real. Livro mais que recomendado, principalmente para aqueles que não andam com muito tempo pra ler, pois são 124 páginas que valem muito a pena.

Pra finalizar deixo aqui o belíssimo The old man and the sea, ganhador do Oscar de melhor curta de animação de 2000, com direção de Aleksandr Petrov. 





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