The Good Wife e o Lado Obscuro da Lei (A Moral Voltou para a Balança).



Com todo o frescor de um Bordeaux que acaba de ser aberto, a veterana mais enxuta da televisão americana retornou para mais uma temporada que promete chutar bundas! Ao que tudo indica a quinta temporada foi mesmo a grande renovação de The Good Wife. Uma série que tinha tudo para se encaminhar para o desgaste de sua fórmula, viu uma avalanche de idéias invadir o seu roteiro, e ganhou o que pode acabar sendo muito mais que uma sobre vida, mas sim uma reinvenção e um novo começo.


Logo nos primeiros minutos dessa sexta temporada já sentimos um tom que é muito estranho em The Good Wife. O único outro episódio no qual também senti esse clima de suspense foi “Dramatics, Your Honor”, no qual Will Gardner veio a falecer. De cara então já sabíamos que alguma merda estava para acontecer. Apesar do show ter retomado exatamente do ponto aonde parou na temporada passada, em meio a briga entre Cary e Alicia, aquela câmera lenta não combina com The Good Wife (que sempre foi uma história sobre pessoas super ocupadas). Dito e feito, em menos de cinco minutos de episódio, Cary é assustado, algemado, humilhado, mas não, o que tomos temíamos não aconteceu, contudo, ainda assim o suspense deu o tom de todo o episódio.
É incrível como os roteiristas de The Good Wife constroem episódios com tanta maestria. O clima de tensão que decorreu-se nas próximas cenas, o fato de sermos deixados na curiosidade por um bom tempo, para saber o que se passava com Cary, a correria para conseguir a fiança do rapaz... Todos esses fatores fazem parte das artimanhas dos roteiristas para nos deixar viciados nessa série. Porém, aindo um pouco do clima contagiante desse episódio e ampliando um pouco mai a nossa lente, o que o plot da prisão de Cary, e todas as investigações que irão ocorrer em torno dela, acrescentarão na continuidade da série.

Em primeira instância percebo que é um posicionamento dos criadores do show: é preciso renovoar! A quinta temporada foi bacana, deu uma chacoalhada na série, mas chegando perto de seu término, acabou caindo novamente no looping, que sempre foi a dança das cadeiras nas firmas representadas. Pelo visto Robert e Michele resolveram apostar em algo novo para ser o centro das atenções nesse início de temporada, e deixar a história principal de plano de fundo, para não cansar ninguém.

Um dos pontos positivos desse arco é que finalmente o submundo da advocacia está sendo jogado na nossa cara. Tudo o que Will mantinha em segredo, e era super julgado pala boa samaritana, será de incubência da mesma lidar se quiser salvar o seu parceiro de detrás das grades. É muito bom também que a cada temporada que passa vemos Alicia acinzentar-se cada vez mais, uma caixa de alvejante já não é mais o suficiente para limpar suas vestes brancas. Ainda nesse círculo veremos Bishop despir mais uma vez suas interessantíssimas camadas, cada vez que ele aparece novos tipos de tensões são acrescentados à história, como nos primos “Ham Sandwich” e “Another Ham Sandwich”.

Fica bem claro então que Will era muito mais que Lockhard & Gardner, o buraco que o personagem deixou na série será muito difícil de tampar, afinal ele era muito mais que um contraponto com Diane em sua empresa. O personagem era um dos lados da balança moral do show, e agora que ele se foi alguém terá que se cobrí-lo para manter o equilíbrio. A única coisa que espero é que não foquem muito na vida de cadeia de Cary, fora a tensão que ele teve com o capanga do Bishop, nada mais funcionou. Definitivamente não é o ambiente para ele, não combinou com o personagem, quero ver ele sofrendo as consequências de sua prisão do lado de fora das grades.

Por último queria comentar sobre um plot que foi introduzido sutilmente no início do episódio, com um humor perspicaz, que pode ser de grande importância para o resto da temporada... Alícia concorrendo para state’s attorney. Sinceramente, não sei se isso foi introduzido apenas para dar alguma relevancia à mais ao núcleo, do que a calcinha, ou a ausência dela, da secretária de Peter, ou se realmente os roteiristas pretendem alimentar o plot no decorrer da temporada. Se assim o fizerem, as coisas podem se encaminhar para um desfecho interessante, com Alicia tendo que decidir entre sua empresa e o antigo cargo de seu marido, ou até mais, o arco pode servir por sí próprio, como um julgador moral para a nova fase de Alicia, já que sua integridade voltará novamente aos holofotes.
Parece que são esses três panoramas que irão tomar conta da temporada, a prisão de Cary logo agora, influênciando claro na merge de Diana com a Florrick/Agos; e a própria merge e Alicia na política redendo assunto mais a longo prazo. Uma coisa que me deixou muito excitado como shipper e fã de séries, foi perceber que o relacionamento de Alicia com Finn finalmente está ganhando nuances de tensão sexual, quem já está escaldado de cinco temporadas com Alicia, sabe que esse é exatamente o jeitinho “inocente” dela flertar.

Outros personagens também apareceram, a filha de Eli reinando como sempre e sendo mais debochada que o pai, Kalinda, que pelo visto será subaproveitada por mais uma temporada (quando vão perdoar o fiasco do plot de seu marido?), e Louis Canning, que por algum motivo resolveu não alarmar David sobre a saída de Diane... Qual seria o seu plano? Tudo isso fica em suspenso para ser resolvido nos próximos vinte um episódios, e vai ter  pano pra manga, mas não se iludam , aquele corte na mão do Cary, é o máximo chegará perto de Damages.


Jairo Borges

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