A editora Leya, esse ano, relançou com nova tradução um romance há muito esperado e fora de catálogo, Clube da luta, de Chuck Palahniuk (Fight Club, 1996). O livro, publicado no Brasil pela primeira vez pela Nova Alexandria, é um dos maiores fenômenos da literatura e da cultura pop das últimas décadas. Não apenas pelo estilo excelente e pelo grande filme ao qual deu origem (Fight Club, 1999, dir. David Fincher), como também por ter extrapolado os limites da ficção. O autor mesmo confessa o quanto o assustou a quantidade de leitores que lhe enviaram cartas perguntando onde era e como fazer parte do próprio clube da luta, que até então não existia… mas acabou inventado em vários lugares do mundo, sob inspiração direta do filme e do livro. Muito se falou no que isso poderia significar. E os cometários variam entre a insatisfação com o mundo civilizado, a decadência do homem ocidental adulto e da própria cultura americana. Não quero entrar na questão: de um modo ou de outro, Clube da luta é leitura de qualidade, acessível e essencial para a compreensão da contemporaneidade e dos novos caminhos possíveis da própria literatura. Chego no ponto que me interessava. A nova edição, pela editora Leya, já era esperada. A escolha da capa original foi criticada, e uma nova capa, mais próxima da ideia do filme e do livro, foi escolhida. Ainda não tive tempo de analisar os méritos da tradução em comparação com a anterior (mas o novo tradutor, Cassius Medauar, é bem conceituado na área), mas uma coisa simples me deixou preocupado: a grande quantidade de erros crassos de ortografia. Eu mesmo sou revisor de profissão, sei como esse profissional é cobrado e que nenhum deles está livre de, em alguma ocasião, deixar passar alguma coisa. Mas a quantidade de erros dessa edição chega a ser difícil de engolir (se não me engano uma mesma palavra chega a aparecer na grafia correta e na errada num mesmo parágrafo). Compreendo que a pressa pode ter causado esses pequenos problemas, que não necessariamente estragam a leitura, mas podem fazer mal à imagem de uma editora em ascensão e que abriga no seu catálogo nomes tão importantes quanto o do romancista angolano Pepetela e do brasileiro João Paulo Cuenca, só para citar alguns. Eu, como leitor, espero que esse tipo de problema se minimize. Afinal, o mercado editorial brasileiro já saiu do amadorismo, e isso indica não apenas um desenvolvimento do ponto de vista técnico, mas a formação de uma nova geração de leitores - que tende a se tornar exigente.
Serviço: Clube da luta. Autor: Chuck Palaniuk. Tradutor: Cassius Medauar. Editora: Leya. 272 páginas. Preço: a partir de R$ 20,00 + frete na Estante Virtual. www.estantevirtual.com.br