A Torre Negra | Joga muito potencial fora e não empolga


Adaptar livros para o cinema não é novidade, já vimos isso acontecer antes, sendo bom ou ruim. E aqui temos esse exemplo, A Torre Negra saga escrita por Stephen King por mais de 3 décadas, que resultou em 8 exemplares e um conto estendido. História que teve como inspiração J.R.R. Tolkien (“O Senhor dos Anéis”), as lendas arturianas e também a estética e os conceitos dos filmes de faroeste, resultaram em milhares de fãs ao redor do mundo, incluindo o diretor do filme Nikolaj Arcel, que queria levar às telonas aquela história que lhe emocionou tanto.

Em A Torre Negra, Jake (Tom Taylor) é um garoto de catorze anos que tem sonhos, onde crianças são aprisionadas por um Homem de Preto/Walter (Matthew McConaughey) e são utilizadas por ele para destruir uma enorme torre que protege os mundos. Mas por Jake, ter esses sonhos logo após a morte do seu pai, sua mãe e todos a sua volta acreditam que isso seja alguma resposta ao trauma sofrido em decorrência da morte. Porém, quando ele percebe que, na verdade, seus sonhos são parte de algo muito maior, ele parte em busca do personagem principal de suas visões, o Pistoleiro (Idris Elba), o único que pode ajudá-lo a acabar com os planos do vilão.



Tentando explicar muito coisa em pouco tempo o filme acaba sendo bastante rápido e corrido, até pelo fato do longa ter 1 hora e 35 minutos, fazendo com que diálogos, conflitos, cenas de ação e explicações serem explorados de forma "rasa". O filme teve uma campanha de marketing bem forte e aliado a isso dois grandes atores nos papéis principais (Idris ElbaMatthew McConaughey), mas não é só disso que um filme é feito, como foi falado antes os livros da Torre Negra possuem 8 exemplares e condensar essa obra em um longa de pouco tempo é um grande desafio, que infelizmente não foi cumprindo. Arcel e os roteiristas  sintetizam demais e fizeram com que seja muito difícil se conectar com à história em si. A todo momento somos bombardeados com questões e problemas que, por não terem sido corretamente contextualizados, não causam o efeito planejado e consequentemente, não emocionam ou empolgam o espectador.

Um exemplo claro é o conceito do “Pistoleiro”. No filme inteiro, vemos que os personagens se referem a ele com uma figura que deve ser respeitada, que ele é um herói de glória e deve ser temido. No entanto, se você não leu a obra original de King, você dificilmente vai entender esse conceito e a veneração por ele. Em nenhum momento do longa, nos é mostrada ou contada de forma competente, a história dos pistoleiros que vivem apenas para proteger a Torre Negra, que consequentemente protege todo o universo contra as forças do inferno.



Um acerto que foi um erro, a escolha dos atores, não estou dizendo que McConaughey e Elba são péssimos atores, pelo contrário são ótimos atores e com carisma enorme. No entanto o roteiro não deu a profundida que os 2 mereciam.  McConaughey está para lá de inspirado, exalando carisma e afetação, no entanto ele foi criado pelo escritor como um ser que personifica o próprio mal e que não tem nenhum motivo específico para sê-lo, o Homem de Preto ou Walter O’Dim do filme, é extremamente magnético, tornando-o praticamente o astro da obra e muito se perde quando ele não está em tela. 

Elba se esforça para criar um personagem marcante, mas o papel não ajuda, pois o diretor prefere mostrar com mais detalhe a habilidade do Pistoleiro em atirar e carregar a arma de forma inusitada ao invés de desenvolver o personagem ainda mais. Já o garoto, Tom Taylor,  fica apenas a tarefa de correr de um lado para o outro, como protagonista ou até mesmo como uma vítima, que poderia explorar o potencial do rapaz, mas acaba sendo tão apressado e insensível. Taylor aparece apático, não consegue transmitir todo o deslumbramento que uma criança teria se fosse transportada para um mundo novo e fantástico é isso faz com que percamos o pouco de apego que tínhamos com ele até ali.



Apesar de vários aspectos ruins no filme, a trama traz elementos de forma competente e divertida: a ligação entre as obras de King, faz sentido dentro da narrativa e vai empolgar os fãs do autor, que certamente ficarão buscando os diversos easter eggs escondidos em praticamente todas as cenas do longa.


Depois do final de A Torre Negra, é impossível não ficar com a sensação de que estamos diante de uma produção que tinha em mãos o potencial para se tornar uma grande franquia no cinema mas que acabou optando pelo caminho fácil e se tornou um projeto comum e sem o que falar.

Nota do crítico: 5,5

A Torre Negra chega aos cinemas brasileiros no dia 24 de agosto. E você pode conferi-lo em em tecnologia 3D no Centerplex cinemas do Shopping Via Sul.

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