Para sempre o (Dia Mundial do) Rock




Em tempos de pobreza musical brasileira, o Dia Mundial do Rock (que foi comemorado agora no último dia 13 de julho) parece ter alcançado um valor ainda maior para mim, uma vez que estamos todos órfãos da boa MPB por aqui no Brasil, diante (das cachorras) do funk e (das duplas de cornos e babacas) do sertanejo universitário... Aff... Quando ouço essas misérias sonoras com suas letras medíocres e de baixo nível, que saudade me dá do nosso revolucionário Rock Nacional dos anos 80, da nossa cultuada Tropicália dos anos 70, da nossa internacionalmente bela Bossa Nova dos anos 60...

Em 1985, a partir de um show de rock (organizado pela ONU para arrecadar fundos para o combate à fome na Etiópia), intitulado “Live Aid” (ao pé da letra, “Ajuda ao vivo”), que reuniu uma galera de “responsa”, com suas famosas bandas e seus líderes icônicos (tais como, a banda Queen com o seu vocalista Fred Mercury, The Rollings Stones com Mick Jagger, Dire Straits, Bob Dylan, David Bowie e muitos outros) denunciando a frágil condição humana com letras recheadas de protestos em suas belas composições, assim nascia em 13 de julho daquele ano, o “Dia Mundial do Rock”. 

Talvez o mais emblemático de todos, que marcou para sempre aquele célebre dia, tenha sido Fred Mercury, com a música “We are the champions”.



Uma canção de rock transcende barreiras, tanto temporais como geracionais... são órfãos, tanto avós, pais, filhos, netos e com certeza também os futuros bisnetos, desse ritmo estiloso e inconfundível, todos saudosos (ou “invejosos” do bem, pois muitos fãs desse sonzaço nem nasceram ainda) cantando em uníssono os sempre belos e eternos ritmos herdados do blues e do jazz. E o cinema homenageia, sempre que pode, esse etéreo “rhythm and blues”.

No filme “Cadillac Records” (que conta a história real do nascimento da gravadora “Chess records” nos anos 40 em Chicago, com os seus ícones do blues e sua influência no surgimento do “rock and roll”), o ator Jeffrey Wright encarna o lendário bluesman Muddy Watters enquanto o ator e compositor Mos Def estrela como o famoso Chuck Berry, e a cantora Beyoncé está divina interpretando a diva do blues Etta James.



E, diante da pornografia explícita da dança funk, ao ver jovens dançando essa coisa escrota e sexual (mas nada sensual), eu fico constrangida (e envergonhada por eles), uma vez que os homens “dançam” simulando uma transa bem vulgar e as mulheres tremulam estranhamente suas celulites bundais, numa cena dantesca, quase indescritível de tão deplorável (e, como hétero convicta, eu não consigo entender porque reclamam de gays de mãos dadas dando inocentes selinhos, e não acham nada demais essa coisa obscena que é a dança funk de héteros, com mulheres inclusive sem calcinha em plena pista). 

E toda vez que estou numa festa e insistem em tocar essas pobrezas musicais dessa nova geração, lamento por eles que não sabem o que é dançar ao som de um  “riff” de Chuck Berry, como na frenética “Johnny B. Goode” (impossível ficar parada com esse som). E o filme Back to the future” (De volta para o futuro) brinca com a criação da famosa música, como se a inspiração para Chuck Berry gravar a tal melodia tivesse sido do protagonista vindo do futuro, o personagem de Michael J. Fox.



Outro filme famoso que tem uma cena antológica de rock é “Curtindo a vida adoidado(Ferris Buller day off”) na cena em que o ator Mathew Broderick participa de um desfile cívico e improvisa dançando e cantando a famosa Twist and Shout, dos Beatles, outra música impossível de se ouvir sentada e parada.



Já o divertido curta-metragem da Sony Pictures, intitulado The ChubbChubbs (levou o Oscar de 2003 como melhor curta de animação) se passa numa galáxia distante, com várias referências ao cinema, homenageando magistralmente a sétima arte e outras artes afins - a história se passa num bar onde os clientes são, nada mais nada menos, que o Alien, o 8º passageiro, tomando umas e outras, o robô de Perdidos no espaço (Lost in space) dançando com uma companheira também robótica... 

Enquanto isso, no mesmo bar, “Mr Yoda” disputa uma queda de braço com “Darth Vader” e até o prório “Jar-Jar” (também de “Star Wars”) vem avisar que os temíveis Chubbchubbs estão chegando (e o “E.T. de Steven Spielberg é um dos que foge, levado na cestinha da famosa bicicleta); tudo isso ao som de “Why can’t we be friends?” da banda The War, e de “Respect” na famosa gravação de Aretha Franklin.



“The Blues Brothers” (“Os irmãos cara de pau”) é uma comédia musical dos anos 80 que projetou no meio fonográfico os comediantes John Belushi e Dan Aykroyd (então já famosos no ainda atual e longevo programa americano humorístico “Saturday Night Live”); o filme contou com a participação de famosos músicos como Aretha Franklin, Ray Charles, John Lee Hooker, James Brown e outros.



E diferente das letras podres do funk e do sertanejo universitário, também no Brasil as nossas melhores bandas de rock se apresentavam em shows incomodando os militares, justamente por conta das letras desafiadoras do “status quo” da era militar, que perseguiram e ficaram “na cola” dos nossos artistas durante todos os anos de chumbo até a anistia e enfim a abertura lenta e gradual da volta da nossa tão famigerada democracia. 

Titãs, Paralamas do Sucesso, Plebe rude, Barão Vermelho, Capital Inicial, Legião Urbana formam os grandes nomes das bandas de Rock Nacional. O cinema nacional também prestigia esses artistas com filmes e documentários excelentes contando a trajetória dessa época de ouro do nosso rock nacional como em “Rock Brasília” e “A plebe é rude”.



Fecho essa minha singela homenagem ao Dia Mundial do Rock com os atualíssimos e impagáveis “Minions”, que também homenageiam essa modalidade eterna e etérea da música mundial, ao se travestirem como os integrantes da banda Kiss, cantando Rock and roll all night”. Uma graça.


Postado por *Rosemery Nunes ("Adorável anarquista")


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