O Dia do homofóbico enrustido




Só faltava essa!!! Quanto mais eu vivo, mais embasbacada eu fico com o homo-sapiens (que aparentemente deveria ser capaz de exercer o seu direito de livre arbítrio). Algum tempo atrás, os nossos “honoráveis” políticos tentaram aprovar o ridículo “Dia do Orgulho Heterossexual” (what??!!). Depois foi a vez da “Cura gay”(cura gay??!! E, por acaso, lá isso é doença??!!). E agora, é a hora do não menos preconceituoso “Estatuto da Família”, excluindo casais “não convencionais” dos seus direitos civis.



Como adorável anarquista fico envergonhada diante de tanto retrocesso, e como heterossexual (por sinal , muito bem resolvida) me sinto constrangida por pertencer a essa maioria retrógrada, mas como mulher e feminista me sinto parte dessa minoria perseguida e massacrada...

E indignada, não consigo me calar... Agora só falta inventarem alvejante para curar a negritude dos afrodescendentes!!! (detalhe, ao criarem o produto, não vão deixar de usar esse termo politicamente correto, no caso alvejante para afrodescendentes haja hipocrisia!!!).

No passado, tentaram “curar” os canhotos, obrigando-os a tornarem-se destros (amarrando a mão esquerda dos pobres coitados atrás das costas); e nós, mulheres, já fomos consideradas bruxas e queimadas vivas em praça pública na Inquisição (era a única “cura” para as mulheres que não se enquadravam no contexto social da época).

Até os gagos também tiveram sua vez de “cura” na marra, era paulada na cabeça, susto, tudo para que fossem iguais a uma maioria (como conta o martírio que passou na adolescência um político gago, na sua hilária entrevista no programa do Jô Soares). 



É muita falta do que fazer desses políticos, com tantas leis importantes para serem aprovadas... e ficam perdendo tempo com tanta hipocrisia e cretinice!!! Por trás de tanto preconceito, deviam aproveitar e criarem logo “O Dia do homofóbico enrustido”, sinonímia muito mais adequada para o tal Dia do orgulho heterossexual (só mesmo sendo sarcástica e levando para o lado do deboche e da ironia).

O documentário “Outrage” (Ultraje), sobre políticos norte-americanos homofóbicos e enrustidos que, de dentro do armário”, patrocinam legislações contra os gays, mostra estatisticamente que “quanto mais homofóbico é um indivíduo, mais mal resolvido sexualmente ele é”.




Num Estado laico como é o Brasil (pelo menos, assim o é no papel), qualquer projeto de lei que envolva (pre)conceitos religiosos (e a homossexualidade, infelizmente, é um deles) deveria ser literalmente abortado.

Enquanto a nossa sociedade hipocritamente está dividida, se preocupando apenas em rotular as pessoas em coxinhas ou petistas” (bem no estilo apartheid”) numa briguinha improdutiva e intolerante nas redes sociaispolíticos fundamentalistas religiosos fazem a festabem debaixo do nosso nariz, votando em leis a partir de conceitos arcaicos e retrógradosconfundindo a Constituição com a Bíblia (vale lembrar que direitos civis valem para crentes e, logicamente, também para cidadãos ateus, portanto nada têm nada a ver com conceitos e dogmas religiosos que condenem o homossexualismo). 





Já está documentado que, ao optar pela homossexualidade (o tal livre arbítrio, e não uma suposta doença), um indivíduo perde pelo menos trinta direitos civis, o que não é justo, pois o Estado deveria garantir direitos iguais para todo e qualquer cidadão, qualquer que seja a sua escolha sexual.

Sendo um indivíduo cumpridor de seus deveres como cidadão, o homossexual deveria também ter todos os direitos civis garantidos pelo Estado, mas esses direitos são perdidos, sob o pretexto de que o conceito de família seria a união de um homem e uma mulher, união esta que constituiria a base da sociedade”.

O que se conclui é que a união entre casais do mesmo sexo não cumpre essa função de pilar da sociedade, capaz de procriar e dar continuidade a raça humana (e isso vale para outros tipos de família como tios e avós, mães solteiras, etc) assim, com a aprovação do tal Estatuto da Família, estaremos diante de duas famílias distintas, uma família útil e uma família inútil para a tal base da sociedade brasileira...

E tais argumentos são mais do que suficientes para desencadear intolerâncias e atrocidades ao que chamamos de pilar de uma sociedade”  não é preciso ir longe, os judeus eram vistos, na Alemanha de Hitler, como  sub-humanos seres inúteis que se infiltraram na sociedade ariana”.

E o abominável filme documentário alemão de 1940, da propaganda anti-semita do regime nazista, intitulado O eterno judeu” (Der Ewige Jude”, trailer abaixo), retrata bem essa visão maniqueísta, de raça humana útil e inútil”, que ajudou a legitimar o Holocausto.




Ora, os gays não estão nem aí” para os héteros e para suas leis e dogmas religiosos (e, como já foram proibidos de frequentar templos heterossexuais, os LGBTTTs acabam de inaugurar uma igreja gay na capital paulista, extensão de uma entidade religiosa daqui do Rio de Janeiro), mas os direitos civis (não religiosos) deveriam ser extensíveis a todos os indivíduos (sem distinção de raça, sexo, cor ou crenças).

Esses projetos de lei apenas expõem o grau de retrocesso democrático da sociedade brasileira. Enquanto outros países evoluem, criando inclusive “O Dia Internacional contra homofobia” (comemorado no dia 17 de maio), a sociedade brasileira se mostra cada vez mais retrógrada (e, pior, enrustida), pois fingimos que “temos a mente aberta” e que não existe preconceito no Brasil contra negros, mulheres e homossexuais.

A sociedade americana já vinha evoluindo gradativamente... no decorrer do ano 2000, a Suprema Corte Americana, no retrógrado e machista estado do Texas, se dobrou diante do caso “Lawrence contra o Texas”, admitindo que o Estado não pode invadir a intimidade e a privacidade de um cidadão – a partir de uma denúncia anônima, a polícia texana invadiu a casa do tal Lawrence, que foi preso em “flagrante” em sua própria casa junto com o seu parceiro de cama, sob alegação de “atentado contra a moral e os bons costumes” do Texas.


E, apesar dos inúmeros protestos, a sociedade americana vem discutindo conceitos e preconceitos, e um dos argumentos levantados pela defesa americana no caso Lawrence contra o Estado foi a comprovação científica de que a homossexualidade é quase universal em todo o reino animal.

Por mais de uma vez,  a revista “Superinteressante” já publicou sobre esses estudos em animais irracionais, e o que é peculiar é que foi demonstrado que também há homofobia no reino animal, e que os veados-de-rabo-branco héteros (logo quem, rsrsrs!!!) costumam atacar os que são homossexuais. Interessante, não?

A pergunta que não quer calar: se transportarmos esses estudos para o nosso mundinho, será que é esse o medo dos homo-sapiens homofóbicos, ou seja, são também “viados-doidos-prá-dar-o-rabo”? (só resta zoar da cara desses enrustidos, principalmente de alguns que se escondem virtualmente, sob anonimato, para ofender os que denunciam esses enrustidos preconceituosos  eu, inclusive, já sofri ofensas com insinuações sexuais e com palavras machistas de baixo calão, por conta de um outro texto meu, intitulado “O jeito gay de ser dos machões enrustidos”).

Mas “let it be”... assim como o documentário Outrage” mostra a realidade de políticos enrustidos, a sétima arte costuma imitar a vida (muito mais que o contrário) e o filme “Beleza Americana” também retrata muito bem esses homofóbicos que se camuflam sob a pele de lobo” (e escondem o quão cordeirinhos” gostariam de ser) ao mostrar o personagem machista, ex militar e homofóbico que cisma que o filho tem relações homossexuais com o protagonista (o ator Kevin Spacey), e espanca o filho por isso, mas no final do filme é justamente ele quem vai sair do armário e se revelar...



E mais ridículo ainda em toda essa história é que essas leis brasileiras partem da chamada “Comissão de direitos humanos” (entre aspas, porque essa tal comissão, pelo visto, só defende os direitos do homem-branco-hétero-machista) e é gritante a conivência dos parlamentares nesses projetos esdrúxulos, mostrando o desrespeito à laicidade do Estado que (como no julgamento de “Lawrence contra o Texas”) não deveria tomar partido em assuntos que tenham como base argumentos arcaicos religiosos erguidos contra homossexuais, o que só incentiva a violência gratuita contra minorias no Brasil.


Já a criação de um dia especial, para celebrar algo, tem a ver com a necessidade de se fazer lembrar datas marcantes e históricas que mudaram um cenário sócio, político ou econômico de uma sociedade (eis assim a justificativa da comemoração do dia do descobrimento e independência de um país, da abolição da escravatura e outros).

E a instituição de um dia especial no calendário oficial de um país serve também como um alerta para quem é marginalizado socialmente, e no caso, significa criar visibilidade social contra injustiças e abusos contra minorias; esses dias marcam lutas pela igualdade social, numa sociedade machista, homofóbica e racista.

E o belo comercial da Coca-Cola sobre “como se cria um preconceito em segundos” não fica atrás na denúncia desses (pre)conceitos da nossa sociedade acostumada a rotular pessoas como se fossem meros objetos que pudessem ser etiquetados.





Assim criou-se o “Dia da Mulher”, o “Dia da Consciência Negra”, o “Dia do Orgulho Gay”, o Dia da “Marcha das Vadias” (pelo direito das mulheres de não mais levarem a “culpa” ao serem estupradas, por exemplo) porque mulheres, negros e gays são estigmatizados e trancafiados em guetos, cercados pela intolerância do homem-branco-hétero-machista (que nunca teve que lutar pelos seus direitos, nunca sofreu preconceitos e nem precisa se reafirmar diante da sociedade, por isso não precisam de um dia especial para eles).


O “Dia do Orgulho Gay” só foi criado em protesto contra agressões gratuitas a homossexuais e afins, pois eles apenas querem ter o direito de andar na rua sem receio de ofensas e sem medo de serem espancados ou assassinados (e essa realidade está mais do que provada estatisticamente) apenas porque fizeram opções sexuais diferentes de uma maioria.

O “Dia do Homem” (comemorado internacionalmente em 19 de novembro e no Brasil no dia 15 de julho ) foi criado visando incentivar campanhas de saúde masculinas tais como prevenção do câncer de próstata, assim como o “Outubro rosa” foi criado para promover campanhas maciças sobre câncer de mama e visando melhorar a autoestima das mulheres mastectomizadas.

A sociedade hétero-normativa enxerga a diversidade sexual como “uma praga” e usa conceitos religiosos arcaicos (que só geram preconceitos e intolerâncias) como argumento para justificar a homofobia, e ao que parece a criação do tal “Dia do Hétero” apenas serviria para promover ainda mais o machismo, sob o ridículo pretexto de estarem fazendo “atos inerentes à heterossexualidade”, mas na verdade soa como reafirmação do orgulho de serem machistas e homofóbicos.

E como “tudo a minha volta me leva ao mundo do cinema”, me veio à lembrança o sensível e emotivo filme “Filadélfia” (com Tom Hanks e Denzel Washington) que põe o dedo na ferida, expondo a homofobia e o preconceito à diversidade sexual nas relações trabalhistas. E a bela música “Streets of Philadelphia” de Bruce Springsteen acompanha o martírio do personagem homossexual e aidético.




A desculpa fajuta do vereador, criador do projeto do “Dia do Orgulho Hétero” (a lei não passou em 2011, mas do jeito que a coisa anda retrógrada, vão acabar voltando à carga para aprovação), é que estaria havendo uma “ditadura gay”, alegando que há “excesso de privilégios” para a comunidade homossexual “em detrimento da maioria heterossexual”, e que a comunidade gay é “chegada a bizarrices e excessos”, e a lei viria assim “em defesa do bom senso, dos bons costumes e da família”...

Mas... e as baixarias explícitas de programas héteros, tais como “Big Brother”, a “Banheira do Gugu” e outros inúmeros exemplos bizarros? E as mulheres praticamente nuas no carnaval? E a “dancinha da garrafa e a pornográfica dança funk (que mais parece “cachorro no cio”)??

E a extravagância e a baixaria das “mulheres-frutas” com suas roupas colantes e bizarras (a transexual Roberta Close e o travesti Rogéria têm muito mais classe que elas) não seriam alguns exemplos de “bizarrices e atentados ao pudor” do mundo hétero???

É preconceituoso rotular todo e qualquer homossexual como extravagante e/ou promíscuo; seria o mesmo que dizer que toda mulher de biquíni na praia é vagabunda ou “periguete”. Num passado distante, até mostrar o tornozelo já foi “coisa de vagabunda”.

Ou seja, os conceitos de “atentado ao pudor” mudam de acordo com a época e a conveniência (e a conivência) da sociedade hétero-normativa; então está mais que na hora de evoluirmos e acabarmos com essas hipocrisias e pre(conceitos).

E não se deve confundir homossexualismo consentido entre adultos com pederastia (que é um crime sexual não consentido com menores do mesmo sexo, assim como é crime a pedofilia, que é o mesmo crime idêntico mas praticado por héteros com menores do sexo oposto).

Nesses casos, o que está em jogo não é a escolha sexual, mas sim a falha de caráter desses indivíduos (no caso dos pederastas homossexuais e dos pedófilos heterossexuais, que se igualam em matéria de mau caratismo) ao coagirem crianças indefesas a praticarem sexo não consentido.

E em matéria de promiscuidade, leva a mal não, mas o macho heterossexual é muito mais chegado a essa prática... mas a promiscuidade heterossexual é vista como um “comportamento normal”,  frequentemente associada com prostituição ( inclusive a homossexual, desde que muito bem camuflado, Ronaldo Fenômeno tá aí para comprovar) e o vídeo abaixo mostra essa realidade de uma maneira bem cômica (uahuahuah).







Este diferencial (entre escolha sexual e caráter) é mostrado também de uma maneira bem divertida pelo grupo de comediantes de “stand up” do projeto humorístico paulista “Terça insana”, que vai na contramão do preconceito contra os homossexuais...

A excelente performance do humorista Marcelo Mansfield, na pele de um dos seus personagens o mal-humorado “Seu Lili“ (no esquete “Eu fico puto”), no qual o comediante enfoca, de maneira hilária, que o que importa é o caráter e a competência de um indivíduo, independente de sua orientação sexual (ao repetir o bordão “prefiro ter um filho viado” toda vez que ele se depara com um indivíduo sem caráter e/ou incompetente).


E se formos a fundo nesse contexto de sexualidade, descobriremos que a heterossexualidade foi um conceito criado cultural e historicamente, como mostra o historiador americano Jonathan Ned katz, no livro “A invenção da heterossexualidade”, que também analisa a quem interessa manter essa imposição que classifica a heterossexualidade como normal e bom e, ao contrário, a homossexualidade como anormal e ruim.

Como mulher e feminista fico indignada pois tais conceitos me fazem lembrar do preconceituoso princípio de Pitágoras, de 500 a.C., que estigmatizou a mulher, até os dias de hoje: “Há um princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem, e um princípio mau que criou o caos, as trevas e a mulher”.

E o tal vereador brasileiro, que queria aprovar o tal “dia do orgulho hétero”, ridiculamente reivindicava o “direito de xingar” um indivíduo na rua, sem ser rotulado de “homofóbico” se, por acaso, o fulano fosse um homossexual.

Só que o “ilustríssimo” vereador parece não perceber a carga de preconceito que vai junto quando se xinga um negro de “preto fedido”, ou um homossexual de “bichinha”, ou diante de uma cantada vulgar e de baixo nível na rua direcionada para nós mulheres (pois temos que seguir caladas e de cabeça baixa porque, ai de nós mulheres, se nos queixarmos publicamente na hora... seremos xingadas de “histéricas e mal-amadas”, ou seremos crucificadas como “piranhas e vagabundas fazendo cú doce”). 


E se, por um mero acaso, alguns héteros são “perseguidos”, eles o são pelas suas opiniões polêmicas e preconceituosas, e não por sua orientação sexual. Alguns héteros reclamam de serem abordados sexualmente por gays, acho ótimo, pois é bom para sentirem na pele o que nós, mulheres, sentimos com a abordagem grosseira e de baixo nível de alguns machos héteros.

O peso de um xingamento é muito diferente se resolvermos xingar um hétero branco na rua, pois raramente ele será chamado de “viado, mulherzinha, bicha, piranha ou preto fedido”, no máximo será xingado de “branquelo”, ou seja, um xingamento sem nenhuma carga de humilhação.

Assim, qual a verdadeira justificativa para o ridículo “Dia do orgulho hétero”? Estão com inveja da “Parada gay”? Querem também um dia exclusivo para desfilarem na avenida? Só levando na sacanagem, porque mais ridículo que isso é impossível.

A passeata gay “perturba” o trânsito uma única vez no ano, enquanto a torcida machista flamenguista, com o time ganhando ou perdendo, enche o saco da gente com badernas pelas ruas e perturbando o trânsito no mínimo uma vez por mês (pelo menos, agora, temos “as meninas” alegres da torcida “Fla gay”, dando um toque muito mais animado e divertido ao time sabidamente machista).

Os héteros estão sendo assassinados pela escolha sexual deles? Que eu saiba, não. Os héteros estão sofrendo humilhação nas escolas ou no trabalho pela sua orientação sexual? Estão ameaçando as famílias dos héteros?? É óbvio que não.


Então... de que têm medo esses tais héteros? Os héteros são maioria no mundo, então por que tanta paranoia? A heterossexualidade não está ameaçada de extinção. Os defensores do tal dia alegam que os homossexuais “exigem direitos demais” e que têm “comportamentos esdrúxulos”.

E ninguém questiona o comportamento dos héteros??? Os machos héteros têm medo de perderem o direito de escarrar no meio da rua? De perderem o direito de “limpar o salão” na rua, com o dedão indicador quase perfurando a narina, e depois nos cumprimentar com um aperto de mão todo melequento? De não mais poder coçar o saco em plena praça pública e de mijar pelos cantos do jardim público? (e eles se ofendem apenas por terem que conviver com homossexuais de mãos dadas pela rua???).

Quer comportamentos mais bizarros e esdrúxulos que esses??? O machismo de séculos nos fez acreditar que esses são “comportamentos normais” do homo-sapiens do gênero masculino. E, leva a mal não, mas para manter esses “direitos”, não é preciso ser hétero, basta ser porco.

E, para terminar esse meu indignado texto, deixo o emotivo vídeo irlandês, uma denúncia contra o bullying homofóbico (Levante-se por seus amigos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, não aceite o bullying homofóbico).


E fecho o texto com os “Mamonas assassinas” que bem que tentaram acabar com esse preconceito, com o famoso e divertido “Robocop gay” (“Abra sua mente, gay também é gente”).



Postado por *Rosemery Nunes ("Adorável anarquista")

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