Sou tarja branca, com muito orgulho (e aí, vai encarar?)




Começo esse texto com frases (“conselhos”) do vídeo “Sunscreem”:

“Dance...mesmo que o único lugar que você tenha para dançar seja sua sala de estar” – eu fiz isso toda a minha adolescência e fazia rodopiar comigo quem quer que passasse pela sala (e continuo fazendo até hoje).

“Todos os dias faça alguma coisa que seja desafiadora” – acho que é por isso que eu escolhi ser cardiologista/ecocardiografista emergencista, meu dia a dia no trabalho é sempre desafiador (pois estou sempre no limite entre a vida e a morte), e transfiro isso também para o lazer (de vez em quando estou fazendo algum esporte radical com meus dois filhotes e amigos).


“Lembre-se dos elogios que recebe e esqueça os insultos” (“se conseguir fazer isso, diga-me como”) – eu também gostaria de aprender como fazer para esquecer os insultos (hoje, reajo aos insultos tratando meus desafetos com indiferença pois, segundo Mário Quintana, “a indiferença é a maneira mais polida de se desprezar alguém”).



Ufa!!! É cansativo ser anarquista num mundo cercado de motherfuckers. Comecei o texto com os tais “conselhos”, mormente porque acabo de me deparar com uma nova classe de motherfuckers, os chamados “tarja preta”. Já não basta ser motherfucker (já falei sobre alguns deles, os sociopatas, os egoístas individualistas e outros), mas “motherfucker tarja preta”??!! 

Motherfuckers (no português claro, filhos da p...) sociopatas são aqueles sujeitinhos que vieram ao mundo para destilar seu veneno, passando por cima de quem quer que seja, pelo simples prazer de fazer o mal gratuitamente, enquanto os individualistas egoístas o fazem para proveito próprio, porque só enxergam o próprio umbigo. E os tarjas preta? Para explicar melhor onde quero chegar, preciso de alguns adendos (alguns? eu diria que é um verdadeiro “compêndiorsrsrs, em homenagem a um amigo), com o cinema como companhia (e servindo de exemplo, como sempre). 

Como “adorável anarquista”, eu detesto regras e leis, pois o compromisso e a consideração para com o próximo é que são as verdadeiras “regras e leis” que seguem os anarquistas puros. Mas nem sempre o contrário acontece, ou seja, há uma verdadeira desconsideração por parte de ignorantes (no sentido de ignorar) em relação à filosofia anarquista (culpa da mídia que, no início do século, deturpou o termo, associando-o ao sentido de “baderna”, o que é um grande equívoco).


E tem gente que se incomoda (e muito) com as revolucionárias ideias anarquistas. Tanto que um amigo acrescentou o adjetivo “adorável” ao anarquista, visando me proteger de motherfuckers que, invariavelmente, me agridem verbalmente quando não mais têm argumentos para embates comigo. Tento ser da paz, mas tem horas que o sangue me ferve a cabeça (afinal, não tenho dom para Cristo nem sangue de barata) e aí sempre falta pouco para mandar o meu agressor “para o quinto dos infernos”, para não usar um palavrão escabroso e escatológico (e, nessas horas, eu apenas faço um favor aos que literalmente me imploram para isso, uahuahuah).


A filosofia anarquista é tal que o escritor francês Andre Malraux deixou escrito: “o único anarquista que teve êxito foi Jesus Cristo” (e eu diria que Cristo foi crucificado por suas ideias libertárias e revolucionárias), tal a utopia do anarquismo puro (pois prega a igualdade social e a extinção da propriedade  num mundo onde o ser humano é, em geral, individualista e predador de si mesmo).


Spinoza, o “Apóstolo da Razão” (retratado em filme britânico dos anos 90) desafiou a Igreja do século XVII ao se opor aos chamados livros sagrados”, e foi excomungado como herege por conta dos seus postulados, pois defendia que a “Bíblia nada mais era que uma obra metafórico-alegórica que não se prestava a uma leitura racional (e é como eu também penso, e para mim isso vale para todos os demais livros ditos sagrados) e não exprimia a verdade sobre Deus e que, para ele, Deus e a Natureza eram dois nomes para a mesma realidade.




Um adendo político apartidário: é quase certo que a igualdade social é uma utopia (extinção da propriedade então nem se fala), mas a minimização das desigualdades sociais é o verdadeiro cerne para a resolução das graves injustiças sociais do nosso planeta (que geram enormes desavenças entre as classes sociais), e um regime ou partido ou governo (quaisquer que sejam eles, de direita ou de esquerda) que conseguir diminuir isso, este é o caminho certo a seguir. 

O filme “1984 de George Orwell ( baseado no livro homônimo ) é uma poderosa reflexão sobre os excessos delirantes (mas perfeitamente realistas, diante do egoísmo e da busca, pelo ser humano, do poder pelo poder) de qualquer forma de poder incontestado, seja onde for (de direita ou de esquerda).





E voltando aos motherfuckers tarjas pretas, deparei pela primeira vez (e não podia deixar de registrar isso) com os tais,  num grupo de “WhatsApp” (de mais de cinquenta cabeças), mas ao que parece eles são uma minoria (“Thanks, Lord”), mas número suficiente para serem um “pé no saco”. E a “ofensa” que eu cometi (além de expor essas minhas ideias anarquistas), no tal grupo, está justamente contida nas frases que citei, dos “conselhos Suscreem” (que eu sigo, muito antes do tal vídeo ter sido produzido).


No caso, a minha suposta “ofensa” foi mostrar o meu dia a dia, ou em fotos (como todos democraticamente o fazem por lá) ou nos meus textos (repassando o link dos mesmos) ou questionando (como todos também lá o fazem) quando discordo de um ou outro assunto (é bem verdade que, no tal grupo, eu discordo de quase tudo, uahuahuah) e, assumo a mea culpa, eu acabei provocando-os (me segurei até onde deu), pois são extremamente preconceituosos, pedantes e intolerantes e nada democráticos (mas insisto, é uma minoria).


Tudo porque falei que não tenho doenças sérias para me queixar (diante de lamúrias e mais lamúrias), que prefiro caminhar na areia da praia ou dançar (pois quase morro de tédio nas esteiras rolantes de uma academia, vou marcando os minutos que faltam para acabar desde o primeiro segundo, uma verdadeira tortura sem sair do lugar, uma sensação de “hamster na rodinha da jaula” , tal e qual um rato de laboratório), porque mostro meu entusiasmo pelo cinema nos meus textos, e por aí vai...


E, diante do embate que se formou (onde fui rudemente e gratuitamente ofendida), um dos colegas do grupo (um dos que, ao contrário, tinha acabado de me elogiar, coincidentemente e curiosamente minutos antes de começarem as ofensas para comigo) voltou a me elogiar, à parte, do seu “zapzap” pessoal, dizendo que só me faria elogios dali prá frente em off”, porque visivelmente “os elogios estavam gerando ciúmes”(eu diria despeito, enfim...).


E o amigo continuou dizendo que eu era ótima nas minhas colocações” (mesmo que ele, por vezes, discordasse, isso sim é democrático) e que eu devia ser a “encarnação de Charles Chaplin” (uahuahuah, amei), e me lembrei que já me rotularam também como uma “mistura de  Groucho Marx com Woody Allen” (uahuahuah, adoraria essa “reencarnação”, mas o último está vivo e os dois primeiros, infelizmente, já se foram, na década de 70, quando eu já tinha nascido).



Em 2014, o cineasta Walter Carvalho (diretor de fotografia dos excelentes “Central do Brasil” e de “Amarelo Manga” e diretor do também ótimo “Janela da Alma”) filmou “Brincante”(meio documentário, meio ficção) sobre a vida do pernambucano Antônio Nóbrega, bailarino, músico e pesquisador que se dedica à cultura e à arte popular e que gerencia o espetáculo e um espaço cultural de mesmo nome (“Instituto Brincante”) na capital paulista.




Um ano antes, Antônio Nóbrega participou do sensível e delicado documentário, também brasileiro, de Cacau Rhoden, intitulado “Tarja branca, a revolução que faltava”. Rhoden nos convida a buscar a infância na maturidade, mostrando a importância de sermos “brincantes”.

A palavra brincante foi criada por educadores e artistas populares que, já adultos (muitos deles inclusive grisalhos e com outras profissões oficiais paralelas como advocacia e outras), continuam pela vida afora cantando, dançando, brincando, sorrindo, tal qual uma criança, livre, sem regras de tempo, de sexo, de idade (pelo menos nessas horas brincantes).


Pular corda, empinar pipa, pique esconde... a proposta do documentário começa exigindo o resgate do direito de brincar da criança, mas interessante é que depois passa a escorar esse direito nos adultos, para que resgatemos a criança de dentro de cada um de nós, trazendo-a para fora, por uma necessidade primordial para nos salvar do massacre estatizante e estagnado da sociedade moderna.


O documentário nos evoca para recuperarmos o lúdico na nossa vida cotidiana, pois invariavelmente trocamos o processo da brincadeira autêntica pelos ambientes fechados dos shoppings centers e do consumismo eletrônico, e busca mudar os critérios e os slogans que a sociedade moderna invoca o tempo todo, a começar pela redução drástica do tempo de trabalho obrigatório e a mudança da própria noção de trabalho, ou seja, atacar de frente os imperativos da tarja preta, que levam ao estresse diário no nosso cotidiano massacrante.




Equivocadamente, associamos o brincar com zombaria e imaturidade, mas o documentário (a partir de depoimentos pessoais e análises instigantes de psicólogos, pedagogos, artistas populares do folclore brasileiro, intelectuais, escritores, humoristas) discorre sobre como o adulto pode se relacionar “com a criança que existe dentro dele” e curtir “brincadeiras de gente grande”, ou seja, um monte de gente séria nos mandando brincar, cantar, dançar, interpretar...

E uma minoria de motherfuckers tarja preta, literalmente de uma maneira bem grosseira e autoritária, me mandando “dar um tempo e virar a página”, dizendo que eu “já enchi o saco deles, pois estão em outra” (que outra? será um pé na cova?? uahuahuah) alegando que “isso é para os filhos e netos”... e eu termino a frase dos tais 
“losers, fazendo uso do bordão de uma amiga: “só lamento por vocês” (uahuahuah).

O documentário revoluciona e anarquiza do jeito que eu gosto: “o processo brincante deveria estar presente e ser incentivado em todas as etapas da nossa vida; brincar é a linguagem do espontâneo, dançar é a linguagem do corpo, cantar é a linguagem da alma”.


Pena que o filme apenas flerta, mas não ataca de frente, os imperativos da tarja preta, ou seja, a depressão, o corre-corre, o horário apertado das grandes metrópoles; o documentário não busca uma solução política para isso, mas talvez se o fizesse, saísse do foco em si, o de primeiro convencer a ser brincante (o que já é uma dificuldade, vide o jeito agressivo com que fui destratada) porque a população dos grandes centros vive enclausurada em congestionamentos, em escritórios, em repartições e não sobra tempo para ser brincante, e assim cada vez mais afloram os tarjas pretas entre a população em geral, tanto a carente como a abastada. 




A revista Info” certa vez publicou um texto Sem chefe, sem horário e sem estresse” alertando sobre a necessidade (das empresas) de se rever a relação de trabalho com seus funcionários, e ensinam: o controle rígido de horário pode até fazer o funcionário trabalhar por mais tempo, mas não necessariamente de maneira mais produtivaalegando que a ausência de hierarquia e a liberdade no horário do trabalho acabam por reverter em maior produtividade e um ambiente de trabalho mais acolhedor, funcionários mais responsáveis e mais pró-ativos por se sentirem mais respeitados e menos pressionados (e, ao adotar essa prática no meu cotidiano, eu já confirmei a veracidade disso, com todos os indivíduos que trabalham para comigo).

Liév Tolstói (escritor russo do célebre livro Guerra e paz), um pacifista que flertava com o anarquismo, também foi perseguido pelas suas ideias libertárias contra os costumes da sua época, ao pregar afazeres sem regras excessivas e sem punições, nos primórdios do século XIX.


Mas parece que tem gente que é tarja preta e parece feliz com isso (e se incomoda com quem não é), pois além de viverem dopados em seu mundinho alucinado cheio de preconceitos, conceitos arcaicos pré-concebidos e obsoletos e, insatisfeitos com as suas próprias vidinhas, ao invés de tentarem descartar as alucinações tarjas pretas (aproveitando o trocadilho com os efeitos das substâncias psicotrópicas, que eu abomino), eles não suportam ver os tarjas brancas expressando o seu jeito brincante de ver e viver a vida.

Os tarjas pretas ficam assim trancafiados no seu mundinho de concreto protegidos pela virtualidade e aproveitam para ofender gratuitamente os tarjas brancas (ousaram dizer estarem “incomodados com o meu anarquismo, com a minha juventude, com o meu cinema, com a minha saúde e com o meu narcisismo”), ou seja, ter saúde, ser jovem de corpo e alma (mais de alma que de corpo, rsrsrs, mas sim, jovem), demonstrar o meu espírito brincante é (para os tarjas pretas) ser infantil e narcisista (uahuahuah).


O documentário conclama o telespectador para “desencaixotar as lembranças da infância e trazer de volta a desenvoltura da criança que existe em todos nós”. José Simão (o “macaco Simão”, da Band News), cronista, humorista e eterna criança, está lá no documentário com suas tiradas hilárias e geniais: “uma risada por dia bota a saúde em dia, oxigena o cérebro, desperta a libido, dar gargalhada é quase um orgasmo”.


Mário Quintana (“Segunda canção de muito longe”), Carlos Drumond de Andrade (“Infância”), Chico Buarque (“Doze anos”), Milton Nascimento (“Bola de meia, bola de gude”), Gonzaguinha (“Moleque”), todos esses artistas em suas obras faladas, escritas, cantadas, dançadas sempre pediram “um pouco mais de brincadeira em tudo na vida”. 




O exercício subversivo de brincar (da criança que existe nos adultos) figura nos versos de Drummond: “vence o tédio, ilumina o dia e instaura em nossa natureza a imperecível alegria”, e também nos versos do poeta mineiro Fernando Sabino: “reconheço que existem coisas mais sérias a tratar, mas acredito que, se conseguíssemos recuperar o menino que devíamos ter vivo dentro de nós, todos nós nos entenderíamos muito mais”.

Em Tarja branca, uma feirante rechonchuda conta que sua diversão na infância era pular corda com os amigos e confessa: “deixei de pular e fiquei gorda” (sem perder, no entanto, o bom humor). O filme dá um alerta sobre essa escassez de tempo e de espaço convocando a todos recuperar o lúdico como uma questão de sobrevivência na nossa estressante vida cotidiana; fazer uma conexão com a nossa essência, viver em toda a sua plenitude, ter um tempo livre para não fazer nada, “a gente nasceu para ser gente, com a leveza de uma criança, isso vai fazer bem, a alma fica cheia, brincar, cantar, dançar é urgente, o resgate do brincar, da liberdade das crianças”.


O documentário revela que os adultos que brincaram na infância e mantêm a criança que foram dentro delas são mais criativos e mais inventivos, sugerindo que a criatividade e a brincadeira são indissociáveis, e que o processo brincante do adulto é o processo criativo em si; eles crescem otimistas, não querem saber de doença, de velhice, de pessimismo, de tristeza generalizada, dessa “falta de alegria que transformam adultos em seres violentados na sua capacidade de ser gente”, diz um dos entrevistados, e instiga o público a que se “comece o processo brincante dentro de si mesmo” e revela que, de vez em quando, “você vai ouvir uns barulhos, são os paradigmas caindo para dar lugar a outros novos surgindo...”. Amei isso. Simplesmente divino.





Mas a verdade é que “a tarja preta está na moda”. Em “Tarja branca” um psicólogo cita que nas revistas médicas especializadas mais de 45 mil artigos falam sobre depressão, pânico, psicoses e suas drogas tarjas pretas, e apenas cerca de 400 artigos fazem referência ao sentimento de alegria. 

Mal visto pela sociedade moderna automatizada (e burra), o processo brincante não tem lugar no mundo dos tarjas pretas (eu que o diga... haja despeito), o mundo contemporâneo exige que o adulto se comporte como máquina, e que para ser adulto é preciso ser sério, e os brincantes não são levados a sério por eles, o sistema corrói essas pessoas massificadas e treinadas para não desestabilizar o “status quo” do sistema que precisa manter a máquina funcionando ( e como eu vivo me divertindo e “desestabilizando” todos os conceitos e preconceitos... sempre sobra para mim, uahuahuah).

O espírito brincante tem o poder de encantar, é a magia, uma entrega e uma revolução que o corpo e a alma anseiam, por ter que se organizar “de dentro prá fora”. O corpo na dança funciona como ofício desta alegria (e a chance de uma segunda infância). O exercício de fazer os passos da dança (da brincadeira “siga o mestre”, lembra?) tem essa levada, essa brincadeira, essa vivência corporal que o corpo só agradece


A dança, o ritmo, a sincronização das pessoas que estão dançando junto a você te fazem crescer como pessoa, como indivíduo e como coletivo”, diz um dos educadores (e eu bem sei disso, o quanto é gratificante... e vem uma minoria de motherfuckers tarja preta me criticar por eu ser uma eterna brincante???!!! Ora, me poupe!!! Os velhinhos do vídeo abaixo que o digam!!!).



Como médica, me chamou a atenção outra declaração interessante do filme, a de uma bailarina (já de cabelos grisalhos, com uma trajetória também de pesquisadora e educadora) que declara que, se decidisse ser médica naquela altura da vida dela, com certeza ela seria uma profissional diferenciada na forma de atendimento no seu consultório, com mais afeto e mais alegria (eu pratico isso há muitos anos, no meu dia a dia profissional, muito antes da realização do documentário).

No retrato, a criança que você foi está olhando para você e perguntando o tempo todo: “o que você fez de mim?” A criança está ali o tempo todo, cobrando, e o documentário vai chegando ao fim com cada um dos entrevistados, muitos deles emocionados, todos mostrando a foto da criança que ainda têm dentro de si mesmos; e um deles diz: “eu olho pra ele e ele está olhando para mim, me cobrando, tem dias que ele olha chateado, e eu digo: calma, eu já volto”.


E outro diz: “na foto, eu estou correndo na praia, de braços abertos, em direção ao mar, livre, cara de felicidade, correndo para a vida”...“lembrar essa criança, desse brilho quando a vida ainda era misteriosa, isso é que vai te guiar, fazer a tua vida inteira iluminada”...“manter um pé no sonho, na infância”...tem uma criança lá dentro do seu corpo, muitas vezes adormecida e entorpecida pelo cotidiano, desperta ela e a traga para fora, para a vida, deixa ela te levar para dançar, pular, correr, rir e se divertir”.


Muito antes do documentário ser produzido, eu já havia enfim organizado minha vida profissional, pessoal, emocional e familiar, resgatando o sentido da “tarja branca” (sem nem conhecer esse termo), com horários compatíveis com meu ciclo de sono (como eterna adolescente, uahuahuah, adoro acordar tarde), com a minha vida particular e de lazer com meus filhos, com duas férias no ano (uma viajando pelo Brasil e outra para o exterior), descartei trabalhos longe de casa visando evitar o estresse do trânsito e de engarrafamentos quilométricos.


E há muito adotei os princípios da tarja branca que é brincar (no caso, faço esportes radicais com meus filhos), pular (participo de blocos de carnaval, festas folclóricas), como cinéfila participo de festivais de “Comic com” (vestida 
a caráter com fantasias de meus super-heróis favoritos) e de cinema (acabo de ir a Cannes em pleno festival) e dançar (que é minha brincadeira preferida de adulto, como disse, danço até sozinha na minha sala de estar).

E vem uma minoria de “motherfuckers” despeitados, típicos “tarja preta”, me chamar de “adolescente que não teve infância”... tive ímpetos de dar uma de Ricardo Boechat (para o preconceituoso e pedante Malafaia) e mandá-los “procurar uma rola” (uahuahuah), mas me contive e saí do tal grupo de whatsApp (e não fui a primeira, diga-se de passagem), pois se há algo que não quero e não preciso para minha vida é gentalha deste nível de mau humor, que só fala em coisas depressivas, doença, velhice, e por aí vai... (como disse, é uma minoria, mas tão “pé no saco” que cansei...).


E, como “tudo que acontece na minha vida me leva ao mundo do cinema” (e acaba me inspirando um ótimo texto; no fim, tenho que agradecer aos tarja pretas, uahuahuah), deixo Sacha Baron Cohen no filme “O ditador”, com a música “Aladeen motherfucker”,  este sim pode ser chamado de irreverente e baderneiro (uahuahuah).




É óbvio que não vamos ter a ingenuidade de ser criança o tempo todo, mas podemos ser brincantes grande parte do nosso cotidiano, e quando terminar de assistir ao documentário você vai olhar para o seu retrato e aquela criança estará perguntando para você o que você fez dela e, não importa sua idade, você vai querer resgatar isso...pular corda, dançar na chuva, correr pelo parque... ainda dá tempo, sempre dará tempo enquanto houver uma criança adormecida  lá dentro e se você deixar ela ser despertada para a vida...

A frase da educadora e musicóloga baiana Lydia Hortélio (que continua uma eterna brincante, dançando e cantando do alto dos seus 80 anos de idade) é emblemática e resume bem a diferença entre os tarja preta e os tarja branca: “Tem gente que morre e só usou uma ou duas cordas de si... brincando se dedilha a lira inteira”.


Então, comece agora a sua vida brincante antes que seja tarde demais, afaste os sofás da sala e comece a rodopiar (se você já passou dos 40, bom fazer antes um check-up cardiológico, rsrsrs), mesmo que sozinho(a), aproveite a ótima companhia do vídeo que reúne cenas dançantes inesquecíveis do cinema. Sim, porque eu já faço isso, sou tarja branca já há muito tempo, e com muito orgulho (e você aí, motherfucker tarja preta, vai encarar?). 




Em tempo: os amigos do tal grupo que realmente valem a pena estão se conectando comigo no meu zapzap” particular, e isso é o que realmente me importa, conviver com pessoas que, não necessariamente pensem como eu, mas que me respeitem e que tenham algo a acrescentar à minha vida de eterna brincante.


Postado por *Rosemery Nunes ("Adorável anarquista")

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