Relacionamentos
são complicados, não falo só amorosos, não, mas com colegas de trabalho,
amigos, família, etc. Há exceções, claro, mas quando a questão envolve namoro,
casamento, alguma coisa entre amizade e “algo mais” a coisa costuma ser mais difícil. Gillian Flynn mostra de maneira um tanto extremada o
resultado de um relacionamento à beira da, literalmente, morte.
Aqui
está um livro que me surpreendeu positivamente. Sinceramente não
esperava muita coisa deste Garota exemplar. Publicado em 2012, esse é o típico livro
que você deve saber pouquíssimo antes de lê-lo. O
desenrolar da história, a trama intrincada, as dúvidas e as
certezas que não se concretizam que temos durante a leitura fazem
deste um ótimo livro de suspense.
Amy
e Nick Dunne são, aparentemente, um casal normal e feliz, vivendo às
margens do rio Mississipi, com desentendimentos e brigas normais,
como todo casal. Na manhã do quinto aniversário de casamento dos
dois, misteriosamente e sem qualquer motivo aparente, Amy desaparece. Após o choque inicial dos amigos e parentes e investigações infrutíferas, em determinado momento as suspeitas recaem sobre seu marido, que,
claro, se diz inocente.
A forma como a mídia trata casos assim também é belamente explanada pela autora, a maneira que a imprensa, em todos os seus aspectos, consegue influenciar a opinião pública, e até mesmo as investigações de um grande caso. Seja a sede por informações privilegiadas ou se o acusado é o vilão ou mocinho da história, tudo é pauta para uma imprensa que muitas vezes esquece que existem pessoas serão afetadas, direta ou indiretamente, com a situação.
"Quando penso em minha esposa, penso sempre em sua cabeça. No formato dela, em primeiro lugar. [...] Eu reconheceria sua cabeça em qualquer lugar. E o que havia dentro dela. Também penso nisso: sua mente. Seu cérebro, todas aquelas espirais, e seus pensamentos disparando por essas espirais, como centopeias rápidas e frenéticas. Como uma criança, eu me imagino abrindo o seu crânio, desenrolando o seu cérebro e vasculhando-o, tentando capturar e entender seus pensamentos. No que você está pensando, Amy? A pergunta que eu fiz com maior frequência durante nosso casamento, embora não em voz alta, não à pessoa que poderia responder. Suponho que essas indagações pairem como nuvens negras sobre todos os casamentos: No que você está pensando? Como está se sentindo? Quem é você? O que fizemos um ao outro? O que iremos fazer?"
Com roteiro da própria Gillian Flynn, a adaptação para o cinema ficou a cargo de David Fincher, diretor de grandes filmes como Clube da luta e Se7en (um dos suspenses mais fodas já feitos). Só por isso já vale a pena conferir, porém, Fincher entrega uma adaptação ESPETACULAR, um filmaço que, devo dizer, é bem nivelado com a obra literária no quesito qualidade.
Um livro que faz jus ao sucesso que alcançou e merece todo o reconhecimento, trazendo todo tipo de sentimento a quem o lê, desde a incredulidade até o genuíno espanto. Um suspense psicológico com tudo que o mesmo precisa ter.