Entre Irmãs | Um épico do sertão


Breno Silveira traz mais uma vez a temática sertaneja para as telas de cinema. Depois de Gonzaga de Pai pra Filho, o diretor surge agora com o longa-metragem Entre Irmãs, baseado no livro A Costureira e o Cangaceiro de Frances de Pontes Peebles. O filme conta a história de Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano), órfãs que foram criadas pela tia em Taquaritinga do Norte e trabalham como costureiras. Muito diferentes e, apesar de separadas pelo destino, as duas permanecem eternamente conectadas. 

Com a ação dos cangaceiros naquela região do sertão, as irmãs são separadas e vivem em vidas completamente opostas. O que, para uma, parecia um sonho, há de se mostrar que não é tanto assim e o que, para outra, era um pesadelo, ganhou um pouco de cor. Ainda que separadas, as irmãs Emília e Luzia permanecem conectadas pelo amor que sentem uma pela outra. Não apenas isto, como o filme traz uma bonita mensagem a ser muito pensada por cada um de nós.



A trama ganha profundidade nos personagens e a história se torna bastante envolvente. A fotografia consegue trazer a beleza do sertão e da capital recifense da década de 1920 (conta, inclusive, com cenas que recriam a cidade de Recife daquele tempo). Gravado nas regiões nordestinas (grande parte em Pernambuco), o filme retrata um pouco da vida no sertão, ainda que um tanto lírica, mas é isto o que dá o gênero que ele possui. A trilha sonora é bastante satisfatória, aparecendo nas cenas quando se é oportuno, não ocorrendo excessos neste meio. A câmera é muito bem utilizada, momentos dando uma visão distante, que dá um ar histórico à cena, e em outros momentos se aproximando da expressão dos personagens, revelando as emoções sentidas e a humanidade presente em todos.

Os personagens são cruciais no trabalho de emocionar o público, e o elenco consegue cativar muito bem o espectador. Nanda Costa, como Luzia, se mostrando uma mulher forte e de fibra, decidida e corajosa, mas que no fundo teme o futuro. Marjorie Estiano nos mostra o lado mais sensível que tem, transbordando inocência e romantismo a todo momento. Júlio Machado, no papel de Carcará, consegue nos mostrar que toda pessoa tem dois lados e que até mesmo o mais cruel dos cangaceiros pode ser dobrado pelo afeto, transparecendo também a desconstrução da figura do "macho" no cenário passado e atual. Letícia Colin e Rômulo Estrela têm menos destaque, mas também exercem muito bem seus papéis, que são de personagens movidos por suas paixões e que no fundo só buscam a felicidade. A sensibilidade é visível nessa caracterização.


A trilha sonora foi muito bem escolhida de acordo com o gênero. Sendo um filme de drama, a música é um aspecto muito importante para ajudar a atingir o objetivo de emocionar o público, e variações entre percussão e violino exercem muito bem essa função, repetindo as emoções que vemos sutilmente, nos personagens, nas falas e na ausência delas. Outro momento poético em relação à trilha é quando eles contrastam com o barulho da máquina de costura e o som repetitivo e perturbador de metralhadoras.

Com mais de duas horas de duração, o filme começa interessante, ganha o seu ápice na metade e tem um último ato muito arrastado e cansativo. A sensação que tenho é que caso se transformasse numa minissérie, a história seria muito melhor trabalhada e não teria oscilações na entrega. Trama certa para o formato errado.

Nota do Crítico: 7/10

Entre Irmãs chega aos cinemas brasileiros dia 12 de outubro. E você pode conferi-lo no Centerplex cinemas do Shopping Via Sul.

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