Game of
Thrones passou por alguns problemas de ritmo ao
longo da temporada — o que pareceu mais resultado de escolhas feitas
conscientemente pelos showrunners, David Benioff e D.B. Weiss, do que sinal de
que eles perderam a mão ou coisa do tipo. Mas isso fica para uma análise da
temporada completa…
The
Dragon and the Wolf foi
um episódio, no mínimo, eletrizante.
A
sequência inicial, com a chegada de Daenerys (Emilia
Clarke) em Porto Real, nos apresentou a atmosfera tensa, que antecederá, o confronto com Cersei (Lena
Headey). Ainda podemos ver o reencontro franco de Tyrion (Peter
Dinklage) e Podrick (Daniel
Portman), e Bronn (Jerome
Flynn) — será que o mercenário vai mudar de lado? — e
o de Sandor "Cão de Caça" (Rory
McCann) e Brienne (Gwendoline
Christie) — com um cortesia mútua. O Cão está a
caminho da redenção?
A reunião no Fosso dos Dragões também criou um
gancho para o futuro — a encarada de Sandor e o
zumbi Gregor (Hafþór
Júlíus Björnsson) gerou expectativas para o acerto de contas entre
os irmãos Clegane. — Outro grande ponto dessa reunião foi a entrada triunfal de Daenerys, uma
demonstração de poder, mas que também serviu para posteriormente
ilustrar a astúcia de Cersei, que observou a ausência de um dos
dragões da khaleesi. Jon Snow (Kit
Harington) ao rejeitar os termos da trégua propostos pela rainha Lannister, não apenas provou sua lealdade a Mãe dos Dragões, mas também reforçou os
laços entre eles, e mais tarde motivou Theon (Alfie
Allen) a questionar sua postura e finalmente criar colhões (desculpe a piadinha)
para ir ao resgate de Yara (Gemma
Whelan). Isso
sem falar no momento em que a caixa foi aberta e… nada aconteceu de
imediato. Um belo exemplo de como criar suspense por meio de uma cena
anterior e aparentemente sem sentido — ao mostrar o Cão descendo
para um dos compartimentos do navio e conferindo se o wight estava
“vivo”, o roteiro espertamente sugeriu a ideia de que alguém
poderia muito bem sabotar o plano de Tyrion e libertar a criatura
antes de sua revelação.
A reviravolta em Winterfell, desenvolvida com antecedência, foi
bastante eficaz em termos narrativos. O fervor entre as irmãs
Stark, crescente ao longo de toda a temporada, teve grande peso quando Sansa(Sophie
Turner) ordena que Arya (Maisie
Williams) fosse trazida à sua presença. Ao mesmo tempo, contribuiu
para a surpresa no momento em que as acusações começaram a ser
feitas a lorde
Baelish(Aidan
Gillen). Embora muito satisfatória, a morte de Mindinho priva a
série de um de seus personagens mais interessantes.
Enquanto
os laços familiares se fortalecem no Norte, a coisa fica feia para
os Lannisters. O encontro de Cersei e Tyrion nos mostrou a
impossibilidade de conciliação entre eles — e com a
traição dela certamente acabará com qualquer ilusão do anão a
respeito de sua irmã. Afinal, nem Jaime (Nikolaj
Coster-Waldau) foi capaz de aceitar a estratégia dela. A cena final
do regicida, aliás, pareceu apontar que ele, enfim, irá completar
sua transição de vilão a mocinho — e a relação com Brienne
possivelmente terá alguma influência nesse sentido.
A confirmação de que Jon é, na
verdade, filho de Rhaegar Targaryen e Lianna Stark foi o ponto alto. A sequência,
muito bem elaborada, destacou o papel de Sam (John
Bradley) como detentor de informações importantes e como consequência, apresentou um novo aspecto
do poder de Bran (Isaac
Hempstead Wright) — além de conseguir escolher pontos específicos
do passado, ele é capaz de retornar a um instante já visitado (o
nascimento de Jon) e aprofundar seu conhecimento a respeito (ouvindo,
por exemplo, o que Lianna sussurrou para Ned, algo que não havia
conseguido da primeira vez), se souber o que está procurando?
Bran ainda conseguiu constatar de que a revolução de Robert
Baratheon (Mark
Addy) foi, portanto, baseada em uma mentira e que Jon é o real
herdeiro do Trono de Ferro acrescentou uma perspectiva diferente à
consumação do romance entre o Rei do Norte e a khaleesi — como
Daenerys reagirá ao descobrir que seu novo amante é também seu
sobrinho e um potencial adversário na disputa pelos Sete Reinos?
Além
de bombástico, o encerramento trouxe alguns questionamentos — se
um dragão era necessário para derrubar a Muralha, a captura de
Viserion fazia parte do plano do Rei da Noite desde o princípio?
Teria ele algum poder premonitório, como o de Bran?
Que
venha a última temporada!