O Homem nas trevas, é a claustrofobia e o terror no seu nível máximo



Escrito e dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez (A Morte do Demônio) e co-roteirizado por Rodo Sayagues, o terror claustrofóbico O Homem nas Trevas, é a prova de que o gênero embora saturado sobrevive, de uma maneira aterrorizantemente terrível e surpreendente. Com poucos diálogos, elenco modesto e de orçamento pequeno (10 milhões), o filme  se destaca pelo seu roteiro inteligente e intrigante que é capaz deixar qualquer fã de O Iluminado de sobrancelhas  em pé.

O Homem nas Trevas conta a história de um veterano de guerra cego então mora isolado em sua casa atormentado por um terrível segredo, até que ele tem sua casa invadida por três adolescentes que praticam pequenos e até agora bem sucedidos roubos. Logo, eles se veem trancados em uma casa com um idoso que não é tão indefeso assim.


No filme nada é muito sutil, o abuso de técnicas de filmagem, como as várias tomadas sem corte, ou com eles quase imperceptíveis, mostra um maduro diretor que não colocou aquilo ali apenas para mostrar suas habilidades, é simplesmente necessário e com sentido. Mesmo com tempo bastante curto (88 minutos) o filme é carregado, pesado  e com uma trama hábil ao mesmo tempo bem concisa, depois de alguns minutos você já sabe que o filme é aquilo ali, sem perder tempo, e principalmente não subestimando o seu expectador.

Com este acerto no desenvolvimento o filme foca realmente onde precisa e nesta caso é a sobrevivência dos invasores: O cabeça e arquiteto do plano, a garota angustiada que promete para si mesmo que aquele seria o ultimo furto e o garoto centrado que só quer fazer aquilo e ir embora. Com esta descrição o thriller ganha logo o seu sentido, e uma velocidade que te deixa empolgado, angustiado e quase sem fôlego. A partir deste momento, já é fácil esquecer que foram os três jovens que começaram tudo aquilo, transformando dos invasores em vítimas de um terrível homem forte, violento, rico, perturbado e cego.

O Homem nas Trevas, teve sua inspiração no cult dos anos 60 “Wait Until Dark”, que tem como protagonista uma jovem mulher cega, interpretada pela atriz Audrey Hepburn, que tenta enganar perigosos bandidos que invade o seu apartamento. O filme realmente sabe explorar de maneira boa todas as suas vantagens,  que são principalmente aquelas desconhecem aqui pelos personagens, se por um lado temos o aqui intitulado apenas como "homem cego" que não sabe quantas pessoas estão em sua casa, ou mesmo onde eles estão, porém ele sabe que elas estão lá, por sua vez temos o desconhecimento da equipe de jovens que não tem nenhuma ideia de onde ele guarda o seu dinheiro,  e das habilidades que morador daquela casa possa ter.

No filme não existe apenas uma direção só,  na verdade existem várias maneiras de sair da casa, o problema é que todas elas estão devidamente trancadas, fazendo dos que enxergam estarem em completa desvantagem, pois eles não conhecem tão bem o local que eles estão. E é incrível que como o filme sempre tem uma carta na manga, ao fazer de um cenário tão pequeno ter inesperadas e claustrofôbicas emoções.


O coerente filme parece justo para tempos atuais, falar sobre uma deficiência e mostrar o seu portador como um vilão é a prova que o mal pode estar em todos os lugares e em qualquer pessoa, tudo isso retratado de uma forma extremamente violenta e diferente dos recentes filmes do gênero. A boa direção transporta o expectador na pele dos protagonistas, levando-os a fazer apneia para não sofrer as consequências. Há quem ainda se importe com "Homem cego", que apenas quer proteger sua casa e que até um certo momento parece estar totalmente certo de suas ações, pois ele é "apenas" um homem idoso que mora relativamente sozinho (apenas com o seu cachorro) em um lugar isolado.

O alto nível de psicopatia atrelado com a elevada vontade de sobrevivência faz de O Homem nas Trevas, um filme de dar medo, e acima de tudo a sensação de que o terror e o perigo estão sempre ao nosso lado.

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