Ainda por conta do mês do “Rock and roll” (o “Dia Mundial do Rock” foi no recente 13 de julho, mas as comemorações continuam por todo o canto do planeta), fui assistir, no agora reformado Cine Arte UFF (amo a vinheta de segurança da casa, com cenas de “Carlitos, o genial vagabundo”), o ótimo documentário “Janis: Little girl blue” sobre a vida e a carreira de Janis Joplin (a eterna “rainha do rock”, com seu belo e inconfundível vozeirão e sua sonora risada), contada a partir de cartas escritas para sua mãe, onde se descobre uma jovem perdida no impiedoso mundo do “show business”.
E, por conta da grande
semelhança de vida, me lembrei da trágica e breve carreira também de Kurt
Cobain, líder do
grupo “Nirvana”, que “encontrou” um sósia a sua altura para reviver na telona
os últimos dias de sua existência. No filme “Last days” (na verdade uma semi-biografia
da carreira e da fatídica morte do vocalista), o ator e também músico Michael
Pitt (inclusive bem parecido fisicamente com Cobain) vive a trajetória de um
músico introspectivo, de caráter depressivo e destrutivo que, assim como também
Joplin, lida mal com o peso do sucesso.
Foi lançado, agora em 2015, um documentário (“Soaked in Bleach”) sobre o que estaria por trás da morte do artista (o documentário investiga o possível envolvimento da sua mulher, a cantora Courtney Love, num possível assassinato e não suicídio do músico).
Cobain mostrava-se perdido e desiludido com a fama, e apesar de repetidas insinuações e de tentativas de suicídio anteriores, ninguém foi capaz de conter o ímpeto depressivo e autodestrutivo do músico, agravados em muito pelo seu envolvimento com drogas pesadas. O mesmo destino de Amy Winehouse, que é também muito bem lembrada no ótimo “Amy”, cinco anos após sua também precoce partida (Oscar de melhor documentário de 2015).
Cobain mostrava-se perdido e desiludido com a fama, e apesar de repetidas insinuações e de tentativas de suicídio anteriores, ninguém foi capaz de conter o ímpeto depressivo e autodestrutivo do músico, agravados em muito pelo seu envolvimento com drogas pesadas. O mesmo destino de Amy Winehouse, que é também muito bem lembrada no ótimo “Amy”, cinco anos após sua também precoce partida (Oscar de melhor documentário de 2015).
E assim, para fechar com chave de ouro o mês
do rock e por conta dessas potentes e sensíveis vozes (e mentes sensitivas) do “rithm
and blues”, relembro o belo e comovente filme “Quase famosos” (“Almost famous”) – a
história fictícia se passa nos anos 70, no despontar das grandes bandas de rock, que até
hoje influenciam os jovens de hoje, de outrora e, com certeza, dos que ainda
estão para nascer (ainda mais com a carência e a pobreza musical dos últimos
tempos).
O filme já começa com “Tangerine”, do Led Zepellin, para descrever o envolvimento e o fascínio de um adolescente apaixonado pelo rock e aspirante a jornalista, escalado para acompanhar uma banda em ascensão – o diretor Cameron Crowe mescla um pouco da sua própria história de adolescente, uma vez que foi repórter mirim da revista “Rolling Stones” e participou de uma das turnês da famosa banda Led Zepellin.
O filme já começa com “Tangerine”, do Led Zepellin, para descrever o envolvimento e o fascínio de um adolescente apaixonado pelo rock e aspirante a jornalista, escalado para acompanhar uma banda em ascensão – o diretor Cameron Crowe mescla um pouco da sua própria história de adolescente, uma vez que foi repórter mirim da revista “Rolling Stones” e participou de uma das turnês da famosa banda Led Zepellin.
O filme, uma bela e inesquecível homenagem ao rock and roll, é puro
saudosismo e de uma sensibilidade incrível... Como não se encantar diante da expressão memorável do personagem,
quando ainda pré-adolescente ao ganhar da irmã os discos em vinil e suas
famosas capas?
E, junto com o menino, vamos sendo apresentados ao time de rock
que “abrirão a mente” do futuro crítico musical: lá estão Jimmy Hendrix, Beach
Boys, Bob Dylan, Led Zepellin, The Who e outros – essa última banda, The Who, a
capa é do vinil da trilha sonora de “Tommy” (a famosa ópera-rock com Roger Daltrey,
Elton John, Eric Clapton, Tina Turner), outro filme bem no estilo “hard rock”, imperdível para os amantes
dessa mágica sonoridade.
Em tempo: se você ainda não viu e pretende assistir “Quase famosos”, talvez seja melhor terminar de ler depois (é um filme para ver e rever), porque os parágrafos seguintes contêm alguns “spoilers”, podendo estragar para alguns a magia e a surpresa das cenas.
A irmã (a atriz Zoey Deschanel) do então ainda menino,
escondida da mãe (porque “rock and roll” era ainda um tabu naquela época),
sussurra em seu ouvido: “It'll set you free” (algo tipo “isto vai te libertar”).
E enquanto a gente se delicia com o desfile de capas de vinil, ao fundo as
vozes da dupla Simon and Garfunkel cantando “America” completam divinamente a
cena.
Os atores estão em
perfeita harmonia: Frances McDormand (do também excelente “Fargo” dos irmãos
Coen) como sempre excepcional no papel da mãe suuuuuper protetora – e quem de
nós, pais e avós, já não se viu no lugar dela, orgulhosa e temerosa ao mesmo
tempo – e Philip Seymor Hoffman (que morreu recentemente, do também excelente
“Magnólia” e “Capote”) interpreta o verdadeiro Lester Bangs, um dos críticos de
música mais respeitados daquela época.
E tem também a Kate Russel (muito mais bonita com os cabelos naturalmente cacheados) com seus óculos “a la Mr John Lennon versus Mr Elton John” (eu tenho um modelito bem parecido, também lilás, rsrsrs) no papel de uma “groupie” apaixonada pelo vocalista (vivido pelo ator Billy Crudup) da tal banda em ascensão. Na cena abaixo, a atriz ao som de “The wind”, na bela voz suplicante e envolvente de Cat Stevens.
E tem também a Kate Russel (muito mais bonita com os cabelos naturalmente cacheados) com seus óculos “a la Mr John Lennon versus Mr Elton John” (eu tenho um modelito bem parecido, também lilás, rsrsrs) no papel de uma “groupie” apaixonada pelo vocalista (vivido pelo ator Billy Crudup) da tal banda em ascensão. Na cena abaixo, a atriz ao som de “The wind”, na bela voz suplicante e envolvente de Cat Stevens.
A atriz está cativante
como a “Penny Lane”, aqui mais uma homenagem do diretor à famosa música, sobre
a não menos famosa rua da Liverpool dos Beatles.
O filme retrata os
bastidores de uma época em que as drogas ainda eram retratadas de uma maneira
quase romântica, e o mundo se viu diante de mudanças tão radicais, tanto na
música como nos costumes, que a partir dali nada mais seria como antes.
Mas, de uma forma sutil, assiste-se ao início do que parecia ser a decadência do rock quando “a coisa de repente parecia estar se transformando apenas num negócio lucrativo (o grande problema do show business, que destrói personalidades sensíveis e sensitivas e os empurra para o mundo das drogas).
Na verdade, por trás da história do rock, assiste-se aos verdadeiros conflitos, paixões e angústias de todo jovem adolescente ao descobrir (e trilhar) o mundo dos adultos e dos negócios: talvez a cena mais emblemática, relacionada a isso, seja a da personagem Penny Lane quando nos emociona com sua disfarçada, mas triste, reação ao descobrir que foi literalmente trocada por um punhado de dólares e cerveja.
Mas, de uma forma sutil, assiste-se ao início do que parecia ser a decadência do rock quando “a coisa de repente parecia estar se transformando apenas num negócio lucrativo (o grande problema do show business, que destrói personalidades sensíveis e sensitivas e os empurra para o mundo das drogas).
Na verdade, por trás da história do rock, assiste-se aos verdadeiros conflitos, paixões e angústias de todo jovem adolescente ao descobrir (e trilhar) o mundo dos adultos e dos negócios: talvez a cena mais emblemática, relacionada a isso, seja a da personagem Penny Lane quando nos emociona com sua disfarçada, mas triste, reação ao descobrir que foi literalmente trocada por um punhado de dólares e cerveja.
Já a cena antológica do
filme acontece dentro do ônibus da turnê da banda, onde a música “Tiny dancer”,
do Elton John, cantada em coro pelo grupo, consegue desfazer as caras amarradas
dos integrantes da banda brigados entre si, e termina com o adolescente (o ator Patrick Fugit) comentando com a personagem Penny Lane que precisava “voltar prá casa”, e esta
o silencia com “you are home” (“você está em casa, aqui é o seu
lar”).
A trilha sonora é um desbunde, ela não te larga, te segue pelas ruas na saída do cinema (de repente sem perceber me vi cantarolando no meio da multidão na volta para casa), ou quando revejo o filme (afinal de contas, é um filme para ver e rever muitas vezes) sempre me pego rodopiando, mesmo se sozinha, em frente ao meu grande espelho da minha sala de estar.
Além de “Tangerine”, tem muitas outras belas canções do Led Zeppelin (como “That's the way”), tem também a cativante “River” de Joni Mitchel, “Simple man” do Lynryd Skynyrd, “Feel Flows” dos Beach Boys, “Sparks” do The Who, e de novo Elton John com a bela “Mona Lisa and mad hatters” e não pára por aí, tem muito, muito e muito mais. Imperdível.
E, para terminar, comprovando (e reforçando) como esse maravilhoso “rithm and blues” até hoje influencia os jovens das novíssimas gerações (e, com certeza, dos que ainda estão para nascer), fiquem com a jovem “roqueirazinha” de apenas três anos de idade, bem “rebelde”, cantando “I love rock and roll”, no ritmo de Joan Jett. Para sempre, rock and roll.
Postado por *Rosemery Nunes ("Adorável anarquista")
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