Fala gente boa!
Vamos falar sobre mais um lançamento da linha “Earth One” (até agora no seu quinto álbum, três do Superman, um do Batman e um dos Titãs), este encadernado é aguardado nas comic shops desde outubro passado, junto com o segundo encadernado do Batman.
Earth One é a nova linha de Graphics mostrando novas origens a diversos heróis da DC, além de serem álbuns auto suficientes, saindo em média um por ano.
Stracynski é exclusivo da DC escrevendo o título de Superman, (ele saiu prematuramente do título do Superman da linha “normal” pra cuidar exclusivamente desta linha, que está vendendo muito bem lá fora e é uma das “meninas dos olhos da DC”)
Neste terceiro álbum temos a substituição do artista responsável, Sai Shane Davis e entra o indonésio Ardyan Siaf.
Como estes álbuns são contidos não há uma necessidade que tenha lido os álbuns anteriores, até porque há flashbacks dizendo o necessário pro entendimento da história e tal, mas pra quem lê desde o primeiro, uma história gradativamente maior vai sendo contada.
A linha “Earth One” está sendo o que originalmente a linha “All-Star” seria, grandes álbuns dos maiores heróis reimaginados por grandes equipes criativas.
No primeiro volume de Superman tivemos sua origem e ele vencendo uma grande invasão ao nosso planeta (servindo parte desta HQ pro filme “Man of Steel”), no segundo mostra o começo da reação mundial a um ser quase divino e uma possível “resposta” combativa, Superman teve um combate mortal com o Parasita.
Neste terceiro volume, as nações unidas estão preocupadas com ações feitas pelo homem de aço e o casal Luthor (o bacana deste material é que temos personagens novos além dos já conhecidos) está encarregado de criar alternativas caso Superman se descontrole.
Paralelo a isso, um antigo ser Kryptoniano chega á Terra com planos próprios.
Ninguém mais ninguém menos que o General Zod.
Você pode até dizer que já viu/ouviu isso antes, mas acredite (m) Stracynski desenvolve uma boa história, não esquece nem por um momento o lado humano de Clark, lembram dos “personagens novos” que eu falei? Então, Clark tem um “affair” com sua vizinha Lisa, uma prostituta que tem esperanças de mudar de vida tendo um emprego melhor. Até mesmo os diálogos de Clark com Martha Kent no telefone tem seus momentos.
Clark Kent pode ser tão humano quanto qualquer pessoa, pois sente, ama, se importa.
No prefácio da edição o escritor diz que uma de suas inspirações no que tange a “o que é o Superman definitivo de cada um de nós” ele diz que adorava o de Curt Swan e que de alguma forma aquela atmosfera ao mesmo tempo cósmica e também pura o influenciam em qualquer HQ que escreva.
E pode se sentir isso nesta HQ, não me lembro de uma história tão grandiosamente dramática (arrisco dizer que essa é a HQ que mais me impressionou do Superman nos últimos 15 anos), pra você que gosta de sangue, porrada, ossos quebrados e diálogos ácidos.
Stracynski entrega o Zod mais diabólico e psicologicamente preparado de todos os tempos,(destaque pro visual meio Sith além de sem o capuz o vilão lembrar o ator que o viveu no último filme, sua veste de batalha Kryptoniana é similar á vista no último filme uma mistura de película de proteção com exotraje) um vilão que pode te enfrentar tanto no corpo a corpo quanto numa múltipla partida de xadrez, enquanto o desestabiliza dizendo que irá matar sua namorada, mãe ou seja lá quem for e o fará olhar a cada instante.
Não sei se propositadamente, mais uma vez a relação Superman/Cristo, aparece. Calma, não quero criar polêmica mas dizer de algo que sempre aparece nas mídias, e isso aparece nesta HQ. A humanidade abraça Zod e as nações unidas fazem um pacto de “não ajuda” ao homem de aço.
Superman é traído pela humanidade que apenas olha enquanto Superman toma uma de suas maiores surras de sua vida.
A princípio me incomodei com a arte da história (os rostos lembram um pouco o que o Rob Liefeld faz) mas depois relevei porque a história realmente te prende, te faz pensar e vai além de uma simples história em quadrinhos.
Em momentos que a própria mensal do Superman tem momentos de “vergonha alheia” (veja o “SuperPorre” em Superman 40.), ainda temos HQs que se importam com um personagem icônico e seus leitores.
Nos entregando um material cuidadosamente repaginado e reimaginado sem parecer “modernoso” (que nem a linha Ultimate no começo que todo mundo usava gírias de Internet, releia aqueles quadrinhos pra ver como aquilo soa mais datado que histórias de 1961.)
Sem repetir coisas como “Clark que pira na Lois” ou “Kryptonita vendendo em todos os cantos”, tudo é meticulosamente pensado, orgânico e o que quer que seja utilizado na história agora ou depois , não é jogado, não é gratuito.
Mesmo o Superman de “Earth One” sendo mais jovem que o da Terra dos Novos 52 é incrível como o personagem é mais maduro, mais esperto (leia a HQ assim que puder) mais combativo e porque não dizer até mais cativante, você se importa com ele e acredita nele.
Muitas coisas tidas como “furos” no filme do Superman não são esquecidas aqui. (Jor-El se veste e se porta como um cientista, e Zod sim se veste e se porta como um soldado.) Até mesmo num momento Clark diz: “vamos resolver nossas diferenças no deserto longe daqui...!”
Stracynski entrega alguns momentos realmente interessantes em que realmente pensamos que aquilo poderia acontecer de verdade. (Clark chegando nas nações unidas e gritando” o que diabo vocês fizeram????” é genial)
Se este material foi concebido com uma "primeira trilogia" as pistas estão todas aqui, com maiores revelações, além de que neste terceiro volume novos leques de possibilidades se abrem, e com certeza iremos e veremos mais desse mundo e destes materiais.
Este material irei comprar de olhos fechados, irei debater esta hq por anos e anos com meus amigos e alunos.
Nota: 9,4.
"Kal -El, não há como vencê-lo, ele é mais velho, um soldado e é treinado, seu traje não terá como protegê-lo efetivamente dele, fuja Kal, fuja...!