Sex Criminals || Falando de sexo nos quadrinhos


Quando se fala de sexo em quadrinhos, várias figurinhas carimbadas já aparecem em nossas mentes: Milo Manara, Guido Crepax, Jean Giraud (Moebius), Jean Claude-Forest, Vittorio Giardino, Richard Corben, etc. A minha própria experiência com um gibizinho adulto se veio com o Howard Chaykin e seu Black Kiss, que eu pensava ser só um singela história de vampiros... Era muito mais! True Blood nem se compara! Até hoje olho com desconfiança o trabalho do Chaykin.
Uma coisa que sempre me incomodava nesse assunto, é o quanto erotizado e muitas vezes, pornográfico, a coisa inteira acabava sendo. Talvez até tivesse sentido maior que aquilo, mas era abafado por peitos e bundas e outras coisas...

Quando eu peguei Sex Criminals... Tenho que admitir que peguei por conta do roteirista, Matt Fraction - que vem fazendo um dos melhores quadrinhos dos últimos anos, Hawkeye - e por ser um dos novos trabalhos na Image pós-Hawkeye, havia um certo hype. Eu não conhecia o artista, Chip Zdarsky, e a Image tinha lançado uma outra HQ com "Sex" no título, que eu não havia gostado tanto. Ou seja, 2 contras e 1 pró e ainda bem que o Fraction surpreendeu de novo.

Então, quando eu peguei Sex Criminals #1, a primeira página continha um casal transando num banheiro, e eu pensei: "Ah não, mais um gibizinho pornográfico fetichista, maldito seja o Chaykin!".
Engano meu, ao passar da edição era simplesmente uma garota comum, Suzie, falando sobre seu trabalho como bibliotecária, sua infância-adolescência antissocial e como descobriu sua sexualidade... Foi tão natural e de, certa forma, identificador, que só pude simpatizar com a personagem e ir pra próxima edição.

                                    
Na #2, agora víamos a outra parte do casal transando no banheiro. Já havíamos conhecido Suzie, agora é a vez do Jon, um daqueles caras que tem um trabalho que ele odeia numa vida rotineira chata... O que geralmente acontece como todo mundo. E como todo garoto, teve sua sexualidade descoberta através de filmes e revistas pornôs. Bem comum. Bem natural. Um casal comum.
Agora, acho que esqueci algum detalhe...
Sim! Eles tem um poder! Toda vez que eles tem um orgamos, o tempo para! Literalmente, galera, não estou falando do momento. O tempo para! Tudo fica em slow motion ou congelado, dependendo de como eles quiserem. Esse estado/lugar é chamado por eles de "The Quiet". Suzie passou um longo tempo de vida pra entender o que era, enquanto Jon passou sua adolescência usando para roubar sex shops sem ninguém nota. Juntando isso, eles decidem roubar um banco! Mas esperem, é por uma boa causa: A biblioteca em que Suzie trabalha está para ser fechada pela prefeitura por conta de aluguel.

Salvando a cultura e educação através do sexo.

Ao longo das, até agora, 7 edições existentes, vamos conhecendo mais detalhes das vidas pessoais dos personagens, como Jon já namorou um cara e Suzie já teve relacionamentos horríveis, ou seja, aquela coisa comum que quase todo mundo já viveu. Tem uns detalhes mais pesados, mas isso eu não vou estragar a surpresa contando aqui. Mas o que eu vou contar é um das coisas mais maneiras do gibi: Existe uma polícia. Sim. Existem outros indivíduos com esse poder. Indivíduos com esse poder que também gostam de cometer crimes. E existem indivíduos com esse poder que se acham autoridade para capturarem esses indivíduos com o mes--- Ah, vocês entenderam!

Gente, é tão retardado que é maneiro. É tão retardado que um dos personagens da "polícia" trabalha numa delegacia. Imaginem, um mundo em que policias usam algo meio plástico de tom branco e tem dildos como armas? Cara... é muito retardado. Mas maneiro. Não esqueçam.


"Levantem as pernas!"
Matt Fraction - nos últimos anos, antes eu não achava ele grande coisa - vem se tornando um roteirista pra ficar de olho, embora aqui ele ainda utilize alguns elementos que ele sempre gosta de usar em sua histórias, aqui, como em Hawkeye, a narrativa dele está voando. Também tenho que dar grandes méritos ao Chip Zdarsky, que tem feito umas quebras de requadro, composição de páginas e capas magnifícas. 
Uma exemplificação do combo dessa dupla genial, vai na sequência em que Suzie fala que gosta muito da banda Queen, e aí ela começa a fazer um musical com "Fat Bottomed Girls", MAS o Fraction não tinha conseguido os direitos da música e aí acaba acontecendo uma "sequência musical censurada", em que Fraction conversa com o leitor:

Não tapei a imagem... E os direitos?

Acho que não tenho mais o que falar sobre esse gibi, acho que basta vocês lerem, através de inomináveis ou comprando digitalmente, ou comprando o encadernado que se parece com isso:

O merchan ataca novamente.

Então, é isso, amigos, até próxima segunda... sem um quadrinho definido ainda... Mas até próxima segunda!

Por favor, não tentem roubar um banco logo depois do sexo. Acredito que não funcionará.

por Tatiana Ferreira 

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